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Orientações para farmacêuticos sobre coronavírus

Orientações para farmacêuticos sobre coronavírus

A Secretaria de Vigilância em Saúde e o Ministério da Saúde disponibilizaram nesta terça-feira, 28/01, o Boletim Epidemiológico sobre coronavírus.

Abaixo, confira um guia de perguntas e respostas com base nas informações da Sociedade Brasileira de Infectologia:

O que são coronavírus e qual é essa nova variante?

Os coronavírus (CoV) compõem uma grande família de vírus, conhecida desde meados da década de 1960, e que receberam esse nome devido às espículas na sua superfície, que lembram uma coroa (crown). Podem causar desde um resfriado comum até síndromes respiratórias graves, como a síndrome respiratória aguda grave (SARS, Severe Acute Respiratory Syndrome) e a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS, Middle East Respiratory Syndrome), cujos vírus foram denominados SARS-CoV e MERS-CoV, respectivamente.

O “novo vírus” é uma variante do coronavírus, denominada 2019-nCoV, até então não identificada em humanos. Até então, existiam apenas seis cepas conhecidas capazes de infectar humanos, incluindo o SARS-CoV e MERS-CoV.

Como este novo coronavírus foi identificado e qual a origem do surto atual?

Foi identificado em investigação epidemiológica e laboratorial, após a notificação de casos de pneumonia de causa desconhecida entre dezembro/2019 e janeiro/2020, diagnosticados inicialmente na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei. Centenas de casos já foram detectados na China. Outros casos importados foram registrados na Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Vietnã, Cingapura, Arábia Saudita e Estados Unidos da América; todos estiveram em Wuhan.

A origem ainda não está elucidada. Acredita-se que a fonte primária do vírus seja em um mercado de frutos do mar e animais vivos em Wuhan.

Os coronavírus podem ser transmitidos de animais para humanos? E entre humanos?

Sim. Foi confirmada transmissão do SARS-CoV de civetas (gatos selvagens) para humanos na China, em 2002, e do MERS-CoV de dromedários para humanos na Arábia Saudita, em 2012. Porém, vários coronavírus causam somente infecção animal, infectando apenas uma espécie ou algumas espécies intimamente relacionadas, como morcegos, aves, porcos, macacos, gatos, cães e roedores, entre outros.

Alguns coronavírus capazes de infectar humanos podem ser transmitidos de pessoa a pessoa pelo ar (secreções aéreas do paciente infectado) ou por contato pessoal com secreções contaminadas

Há transmissão sustentada do novo coronavírus e qual o período de incubação desta nova variante?

Até o momento está limitada a grupos familiares e profissionais de saúde que cuidaram de pacientes infectados. Também não há evidências de transmissão de pessoa a pessoa fora da China, mas isso não significa que não aconteça. Presume-se que o tempo de exposição ao vírus e o início dos sintomas seja de até duas semanas.

Quais são os sintomas de uma pessoa infectada por um coronavírus?

Pode variar desde casos assintomáticos, casos de infecções de vias aéreas superiores semelhante ao resfriado, até casos graves com pneumonia e insuficiência respiratória aguda, com dificuldade respiratória. Crianças de pouca idade, idosos e pacientes com baixa imunidade podem apresentar manifestações mais graves. No caso do 2019-nCov, ainda não há relato de infecção sintomática em crianças ou adolescentes.

Como ocorre o contágio e qual é a gravidade do novo coronavírus?

Não se sabe até o momento. Alguns vírus de transmissão aérea são altamente contagiosos, como o sarampo, enquanto outros são menos. Ainda não está claro com que facilidade o 2019-nCoV é transmitido de pessoa para pessoa.Pelos dados iniciais publicados, a estimativa inicial é de que a letalidade seja em torno de 3% (26 mortes em 912 casos), inferior à do SARS-CoV e do MERS-CoV.

Como é feita a confirmação do diagnóstico do novo coronavírus? Existe um tratamento?

Exames laboratoriais realizados por biologia molecular identificam o material genético do vírus em secreções respiratórias. Não há um medicamento antiviral específico. Indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Nos casos de maior gravidade com pneumonia e insuficiência respiratória, suplemento de oxigênio e mesmo ventilação mecânica podem ser necessários.

Como reduzir o risco de infecção pelo novo coronavírus?

– Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas;

– Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente e antes de se alimentar;

– Usar lenço descartável para higiene nasal;

– Cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir;

– Evitar tocar nas mucosas dos olhos;

– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;

– Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;

– Manter os ambientes bem ventilados;

– Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.

Existe uma vacina para o novo coronavírus?

Como a doença é nova, não há vacina até o momento.

Tomei a vacina contra a gripe. Estou protegido contra o novo coronavírus?

Não. A vacina da gripe protege somente contra o vírus influenza.

Estão contraindicadas as viagens para a China e para os países com casos importados?

Com base nas informações atualmente disponíveis, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda restrição de viagens ou comércio. É preciso acompanhar as recomendações, que são dinâmicas e podem mudar de um dia para outro.

Temos casos do novo coronavírus no Brasil?

Não há confirmação do caso no país.

Qual é a definição de caso suspeito?

Febre acompanhada de sintomas respiratórios, além de atender a uma das duas seguintes situações: ter viajado nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas para área de transmissão local (cidade de Wuhan) ou ter tido contato próximo com um caso suspeito ou confirmado. Febre pode não estar presente em casos de alguns pacientes, como idosos, imunocomprometidos ou que tenham utilizado antitérmicos.

Os casos suspeitos devem ser mantidos em isolamento enquanto houver sinais e sintomas clínicos. Casos descartados laboratorialmente, independente dos sintomas, podem ser retirados do isolamento.

Recomendações diante da detecção de um caso suspeito:

Recomendações gerais do Ministério da Saúde:

– Os casos suspeitos devem ser mantidos em isolamento enquanto houver sinais e sintomas clínicos.

– Paciente deve utilizar máscara cirúrgica a partir do momento da suspeita e ser mantido preferencialmente em quarto privativo.

– Profissionais da saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

– Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias, como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizada precaução por aerossóis, com uso de máscara profissional PFF2 (N95).

Há risco de epidemia global?

Sim, mas o Comitê de Emergência da OMS informou que é cedo para declarar a situação como emergência em saúde pública de interesse internacional neste momento, devido ao número limitado e localizado de casos e pelas medidas que já estão sendo tomadas para que o surto não se espalhe.

No entanto, é necessária atenção sobre a situação, pois a avaliação de risco considera a gravidade, a disseminação da doença e a capacidade de responder ao avanço do surto, que já conta com 2.800 casos confirmados no mundo, a maioria na China.

De acordo com a OMS, a avaliação do risco de disseminação do vírus foi atualizada para: “muito elevado” na China, “elevado” em nível regional e “elevado” em nível mundial.

 

 

Fonte: CRF -RS

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