22 jan Mutações do vírus ebola podem afetar tratamentos experimentais
A cepa do vírus ebola, responsável pela atual epidemia na África Ocidental, tem mutações que podem frustrar os tratamentos experimentais focados em certos genes de agentes patogênicos, segundo um estudo de virologistas americanos publicado nesta terça-feira (20).
A maioria dos tratamentos desenvolvidos contra o vírus se dirige a uma parte da sequência genética ou a uma proteína derivada desta sequência do genoma do vírus ebola, explicaram os pesquisadores do trabalho publicado on-line na revista “mBio” da ASM (Sociedade Americana de Microbiologia).
Se uma modificação destas sequências ocorrer como resultado de uma mutação genética, que é uma evolução natural do vírus com o tempo, o tratamento pode ser ineficaz, advertiram.
“Nossa pesquisa destaca as mudanças no genoma que podem afetar as terapias genéticas desenvolvidas desde os anos 2000, a partir de cepas do ebola responsáveis pelas epidemias de 1976 e 1995”, afirmou Gustavo Palacios, diretor do Centro de Ciências do Genoma no Instituto de Pesquisas Médicas de doenças infecciosas do Exército dos Estados Unidos (USAMRIID) em Frederick.
Em comparação com o genoma completo da cepa responsável pela epidemia que se originou no Zaire (atual República Democrática do Congo) em 1976, chamada EBOV/Yam-Mayet, e que provocou uma segunda epidemia no país em 1995 (EBOV/Kik), os cientistas detectaram as mutações em aproximadamente 3% do genoma.
A epidemia atual, por sua vez, é denominada EBOV/Mak.
Os tratamentos genéticos oferecem atualmente a melhor esperança para lutar contra o ebola, mas nenhum foi aprovado pela FDA (Agência Americana de Alimentos e Medicamentos) nem por seu homólogo europeu.
Como a OMS (Organização Mundial de Saúde) adotou medidas de urgência para tentar conter a epidemia, atualmente concentrada em três países (Guiné, Serra Leoa e Libéria), um pequeno grupo de pacientes foi tratado com terapias experimentais.
Um teste clínico com um dos tratamentos deve começar em Serra Leoa nos próximos meses.
Os virologistas descobriram que dez das mutações podem interferir com promissores anticorpos monoclonais que estimulam o sistema imunológico.
“O vírus ebola não apenas sofreu mutação após a descoberta destas terapias, mas também continua mudando”, ressaltou o capitão Jeffrey Kugelman, um geneticista da USAMRIID, e um dos autores da descoberta. Três das mutações apareceram durante o atual surto, disse.
Esta epidemia, que começou no início de 2014, deixou 8.600 mortos dos 22.000 casos registrados, segundo um balanço da OMS de 17 de janeiro.
Fonte: UOL Notícias
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