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Genérico atinge 30% do mercado no país

Genérico atinge 30% do mercado no país

Os genéricos, que vêm conquistando participação cada vez mais expressiva no mercado farmacêutico brasileiro, bateram recorde no terceiro trimestre. Com 29,6% das vendas em volume, esse tipo de medicamento registrou a maior fatia já alcançada no varejo farmacêutico nacional, segundo levantamento da PróGenéricos, com base em indicadores do IMS Health. Há um ano, essa participação era de 27,8% e, há dois anos, de 27,6%.

“O pressuposto maior do medicamento genérico é o acesso”, disse ao Valor a presidente­executiva da associação, Telma Salles. A substituição de outras marcas, a crescente confiança nesses medicamentos, o preço e o avanço no número de registros ­ 255 entre 2010 e 2015, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ­ explicam o fato de os genéricos terem assumido o papel de motor do crescimento da indústria farmacêutica no país, conforme a executiva.

No terceiro trimestre, as vendas em volume de genéricos tiveram alta de 10,7% na comparação anual, para 254,3 milhões de unidades. Ao mesmo tempo, o mercado total de medicamentos cresceu 6,2%, para 872,6 milhões de unidades. Sem considerar os genéricos, porém, essa taxa cairia a 4,5%. Em receita, as vendas do segmento no trimestre cresceram 21%, para R$ 5,2 bilhões.

Ainda em setembro, a segunda maior fabricante de genéricos do país em unidades, a Hypermarcas, assumiu a liderança do mercado total de medicamentos nacional. No acumulado do ano até setembro, a companhia vendeu 329,4 milhões de unidades, alta de 12,54%.

Embora os índices dos genéricos saltem aos olhos, especialmente neste momento de retração da economia doméstica, o desempenho da indústria está abaixo do esperado e já sente os reflexos da crise, segundo Telma. No início do ano, a expectativa era de crescimento médio das vendas de 15%.

Agora, a torcida é pela manutenção da expansão de 11% verificada no acumulado de 2015 até setembro. “Em agosto e em setembro houve arrefecimento. Não estamos otimistas com o quarto trimestre, porque não há sinais de recuperação econômica”, explicou a executiva. Nesse ambiente de menor crescimento das vendas, e maior pressão dos custos nas margens, a indústria farmacêutica já deu início à revisão de suas políticas comerciais, com redução dos descontos concedidos ao consumidor.

No ano passado, o desconto médio ficou em torno de 60%. Neste ano, caiu a 45% até o momento e a tendência é a de que o consumidor sinta cada vez mais essa revisão. “Se o crescimento não acontece dentro do esperado e a rentabilidade é espremida, não há outra saída”, disse Telma.

De acordo com o presidente­executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, a revisão da política de descontos se deve à combinação da redução do consumo ao mesmo tempo em que o dólar mais caro eleva os gastos com matéria­prima, que pode representar até 30% do custo de um medicamento ­ e mais de 85% do insumo utilizado pelos laboratórios no país é importado.

“Energia elétrica mais cara e aumento salarial combinados à legislação que prevê um reajuste anual definido a partir do IPCA menos a produtividade também estão corroendo as margens da indústria”, afirmou Mussolini. À época da elaboração dessas regras para fixação dos preços dos medicamentos, em 2003, contou o presidente do Sindusfarma, o dólar valia cerca de R$ 3,25. De lá para cá, a indústria farmacêutica se tornou mais competitiva e passou a queimar parte da margem por meio da concessão de descontos, sobretudo diante do avanço dos genéricos no mercado brasileiro.

“As empresas passaram a ter gordura para queimar com a queda do dólar”, lembrou Mussolini, acrescentando que em determinado momento os descontos sobre os preços de medicamentos chegaram a 80% e havia quem vendesse duas caixas de remédio ao preço de uma unidade. Nesse período, ganharam fôlego os programas de fidelidade dos laboratórios, que também já sentem o efeito da lucratividade retraída do setor.

Com a alta do dólar e a perspectiva de queda das vendas, os laboratórios têm recorrido à matéria­prima mantida em estoque, num movimento que pode confirmar a tendência de redução dos descontos também nos próximos meses. Segundo dados do Sindusfarma, com base em dados do IMS e descontados os descontos concedidos pela indústria, as vendas no mercado farmacêutico totalizaram R$ 4 bilhões em agosto, com queda de 2,37% frente a julho. Para o ano, a expectativa é de expansão de 8% a 9% “no máximo”, conforme Mussolini.

Fonte: Valor Econômico

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