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Estudo com células-tronco ajuda pacientes com doença falciforme

Estudo com células-tronco ajuda pacientes com doença falciforme

Aplicação de células-tronco do próprio paciente para regeneração de lesões ósseas causadas pela doença falciforme. Esse é o estudo clínico desenvolvido na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e conduzido pelo chefe do Serviço de Ortopedia, Gildásio Daltro. O médico esteve em Belém na segunda-feira, dia 27, para avaliar candidatos ao tratamento alternativo. A consulta foi feita no setor de fisiologia da Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa).

A coordenadora de Atendimento Ambulatorial do Hemopa, a médica hematologista Saide Trindade, explica que a doença falciforme é hereditária e se caracteriza por hemácias (glóbulos vermelhos do sangue) anormais. “Essa alteração estrutural faz com que elas tenham um formato parecido com uma foice e sejam pouco maleáveis. Isso causa obstrução nos vasos sanguíneos e muita dor”. No Pará, 876 pessoas com a doença falciforme recebem tratamento multidisciplinar e multiprofissional da Fundação.

Esses pacientes costumam apresentar doenças ortopédicas, entre elas a osteonecrose, que é a necrose óssea. Geralmente, a indicação médica é a colocação de prótese. O procedimento desenvolvido por Gildásio Daltro consiste na aplicação de uma espécie de massa contendo células-tronco autólogas, ou seja, retiradas da bacia do próprio paciente.

Ele ressalta que “a eficácia do procedimento nas pessoas que se submetem a esse tipo de tratamento está entre 93% e 95%. Além disso, pode custar 1/5 do valor do tratamento tradicional, que é a colocação da prótese, e oferece risco zero, já que o material usado é do próprio paciente”.

Todo o tratamento, desde a retirada das células-tronco até sua aplicação no local afetado, é feita no Hospital de Clínicas da UFBA. Desde 2015, o procedimento já foi realizado em cinco pacientes paraenses. O primeiro foi a pequena Maria Catarina, que está com 13 anos. “Ela sentia muita dor e já não andava mais. Para não agravar a situação, só ficava na cadeira de rodas. Fomos à Bahia com encaminhamento de urgência. Foi tudo muito rápido”, descreva a mãe da menina, Carla Sousa.

Foram seis meses de recuperação, sem poder pisar no chão, mas Catarina conta que desde a cirurgia não teve mais dor, nem crise nenhuma. Depois veio a fisioterapia e uma vida normal. Agora, mãe e filha vão à Bahia uma vez por mês para fazer acompanhamento.

Todas as despesas para a viagem dos pacientes são custeadas pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD), benefício concedido aos usuários do Sistema Único de Saúde para tratamento médico fora de sua cidade de origem.

Saide Trindade relata que o médico veio a Belém pela primeira vez em 2014 para palestrar em um workshop e já avaliou alguns pacientes. “Começamos então a criar um fluxo de pacientes entre Belém e Salvador que envolve vários setores do Hemopa, como a Coordenação de Atendimento Ambulatorial, a Gerência de Hematologia Clínica, Gerência de Serviço Social e a Fisiatria”.

Na quarta visita do médico a Belém, ele conheceu pacientes que já apresentam osteonecrose. Um deles é o estudante James Andrade, de 25 anos. Diagnosticado com doença falciforme quando tinha um ano de idade, hoje o jovem tem dificuldades para andar, o que o obriga a usar muletas. “Sinto muitas dores e muito fortes. Por causa disso, não consigo ter uma vida normal”, relata.

A avó de James, Sandra Andrade, saiu da consulta emocionada. “Estava esperando essa consulta com muita ansiedade. Estou emocionada porque o médico disse que o James não tem artrose e não vai precisar colocar prótese. Dr. Gildásio falou que ele é um ótimo candidato para passar pelo procedimento. Tenho fé que ele vai conseguir e que possa viver como todo jovem”.

Segundo Saide Trindade, a principal forma de identificação da doença falciforme é a realização do teste do pezinho. “O Hemopa é referência no tratamento de doenças hematológicas no Pará. A partir do diagnóstico, oferecemos tratamento integral para esses pacientes. E agora também temos essa possibilidade de terapia celular, que traz muita qualidade de vida”.

Para o agendamento da primeira consulta no Hemopa, o usuário deve procurar atendimento na Unidade Básica de Saúde de sua localidade. De acordo com avaliação médica, ele é encaminhado para o Departamento de Regulação (Dere), responsável pelo agendamento. Se comprovada a existência de doença hematológica, o paciente passa a ser acompanhado pela equipe multiprofissional e multidisciplinar do hemocentro.

Fonte: Agência Pará

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