17 ago Combinação de drogas reduz risco de transmissão da Aids de mãe para filho
Uma conquista da ciência, uma conquista do Brasil. Uma nova combinação de medicamentos reduz o risco da transmissão da Aids da mãe portadora do vírus para o filho. O estudo, feito com bebês de vários países, durou 10 anos. Foi coordenado por pesquisadores brasileiros e já tem um belo resultado para comemorar.
Os números da Aids ainda assustam. Cerca de 20% das crianças que nascem de mães portadoras de HIV e que não tomam o coquetel podem estar infectadas. Por isso, logo após o parto, esses bebês são medicados com o AZT, substância que faz o risco de contaminação cair para 5%.
Agora, uma descoberta mundial: a combinação do AZT com outras uma ou duas drogas, dependendo do caso, pode reduzir pela metade, a 2,5% de probabilidade das crianças serem infectadas pelo vírus da Aids.
Foram dez anos de estudos envolvendo cientistas brasileiros e americanos. Quase 1,7 mil bebês receberam a nova combinação de drogas. Crianças de quatro países: África do Sul, Argentina, Estados Unidos e Brasil. E a coordenação de toda a pesquisa aconteceu na Fundação Oswaldo Cruz.
A infectologista Valdiléa Veloso chefiou uma equipe de mais de 100 profissionais, que com a colaboração da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, conseguiu chegar à combinação das drogas que muda completamente o padrão de tratamento da doença em todo o mundo.
Um impacto enorme. Hoje os nossos resultados estão nos manuais da Organização Mundial de Saúde, estão nos manuais do sistema de saúde americano, do europeu, do brasileiro, então o impacto é realmente global, afirma.
Uma mãe também comemora os resultados da pesquisa. Ela tem quatro filhos. Os três primeiros nasceram bem, mas pouco antes da chegada do quarto bebê, soube que é portadora do HIV.
Eu, na minha concepção, na minha cabeça, a minha filha ia ter esse vírus porque eu não tratei na gravidez, diz a mulher. Ela foi convidada pelo pessoal da Fiocruz a participar do estudo. Eu aceitei na hora, sem pestanejar, falou.
Três anos depois da criança ter sido medicada, logo após o parto, a certeza: ela não foi infectada. Um grande alívio. Eu agradeço muito a Deus, entendeu, porque eu acho que foi um milagre. Ela é um verdadeiro milagre, comenta.
Fonte: G1
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