21 fev Anvisa realiza mostra sobre saúde e arte com peças do acervo do CFF
Até o dia 30 de março, estará em cartaz no Museu Nacional Honestino Guimarães, em Brasília, a exposição histórica e de artes visuais À sua saúde, promovida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Organizada em comemoração ao aniversário de 15 anos da Agência, completados no dia 26 de janeiro, a mostra foi aberta na noite desta quarta-feira, dia 19 de fevereiro, pelos ministros Arthur Chioro, da Saúde, e Marta Suplicy, da Cultura.
O diretor presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, explicou que a exposição busca mostrar, de uma forma diferente e criativa, o trabalho realizado cotidianamente pelos serviços de Vigilância Sanitária. Embora sejam essenciais, na maioria das vezes, esses serviços não são percebidos pelas pessoas. Dirceu Barbano fez questão de agradecer ao Conselho Federal de Farmácia (CFF) pelo empréstimo de parte do acervo do Museu da Farmácia. As peças, que remontam ao início do século 19 e ficam expostas nas dependências do Centro Brasileiro de Informação sobre Medicamentos (Cebrim), ganharam local de destaque na mostra.
O agradecimento foi expressado pessoalmente pelo presidente da Anvisa ao vice-presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF) Valmir de Santi, ao secretário-geral do Conselho, José Vilmore Silva Lopes Júnior, e ao coordenador técnico-científico da entidade, José Luiz Miranda Maldonado, que representaram a instituição na abertura da mostra. Dirceu Barbano enalteceu também a importância do farmacêutico para o trabalho da Agência. Basta dizer que, dos 384 novos servidores do órgão, 200 são farmacêuticos.
Antes da solenidade, o ministro Arthur Chioro conversou com os diretores do CFF foi receptivo à aproximação proposta pelo vice-presidente do
Conselho, Valmir de Santi. Vamos agendar, sim, uma audiência. Quero muito me aproximar de todas as categorias de trabalhadores da saúde. Mais tarde, em seu discurso de abertura da mostra, Arthur Chioro disse que maneira escolhida pela Anvisa para comemorar seu aniversário, com uma iniciativa completamente inovadora, reflete a forma com que o Ministério da Saúde tem procurado conduzir o nosso trabalho no âmbito do Sistema Único de Saúde, sempre buscando a inovação. Para algumas pessoas pode parecer uma forma sofisticada. Mas é de fato uma ação mobilizadora para a reflexão.
O vice-presidente do CFF, Valmir de Santi, ressalta a relevância da mostra para a divulgação da importância do trabalho do farmacêutico e de outros profissionais da saúde, importância esta ainda desconhecida por boa parte da população. É uma satisfação poder contribuir para que esse objetivo seja alcançado. José Luiz Miranda Maldonado, que ganhou agradecimento nominal no programa da exposição pela sua contribuição pessoal para viabilizá-la, assinala que a sociedade precisa compreender o papel da agência reguladora e se apropriar desta atividade como uma atividade cidadã. Portanto, prestigiem a mostra, convidou.
Mais de 45 mil visitantes são esperados no Museu durante os 40 dias da exposição. Destes, 10 mil serão alunos de escolas públicas do Distrito Federal. Para a chefe de gabinete da Anvisa, Vera Maria Borralho Barcelar, o aspecto mais interessante da iniciativa é usar a arte para aproximar a autoridade sanitária do cidadão comum. Essa estratégia muda um pouco o estigma policialesco do serviço, suaviza e ajuda entender o trabalho realizado.
As áreas reguladas pela Anvisa foram divididas em 15 temas que estão distribuídos em 1.060 metros quadrados do Museu. Dividida em dois núcleos Histórico e Contemporâneo a exposição oferece ao visitante um universo em que os temas saúde e arte estão conectados e que, sobrepostos, espelham a complexa rede na qual se relaciona o mundo atual.
Com curadoria de Daiana Castilho Dias e Polyanna Morgana, a exposição foi concebida com o objetivo de mostrar ao público brasileiro a importância de um tema que não trata apenas de saúde pública, mas ensina muito sobre o próprio ser humano. O Núcleo Histórico está dividido em três eixos temáticos: Cura Xamânica, Cura Tradicional e a Cura pela Fé.
Algumas experiências cotidianas serão vivenciadas de modo lúdico e interativo na exposição a começar pelo passeio pela primeira botica do Brasil, montada em tamanho natural, a partir de desenho histórico de Debret com as peças cedidas pelo Museu da Farmácia do CFF. Um dos pontos altos dessa instalação, que faz parte do módulo Cura Tradicional, é a área Cheiros do Pará, indispensáveis na indústria cosmética brasileira, e que poderão ser experimentados pelos visitantes. A evolução dos medicamentos no país também será exibida.
Para expressar a força da Cura Xamânica, a história dos fitoterápicos será objeto de outra grande instalação interativa: sacos de chá de vários tamanhos estarão pendurados no teto e acessíveis a quem desejar saber mais sobre cada erva e suas propriedades. Na Cura pela Fé, a sala dos milagres, dos ex-votos, exibe os oratórios do vídeoartista Eder Santos, que surpreendem o público ao misturar ficção e realidade.
Ambientes criados para relatar a Revolta da Vacina, um dos mais pitorescos eventos da história do País, protagonizada pelo sanitarista Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, em 1904, e a quarentena imposta aos viajantes que chegavam ao Brasil pelos portos de Salvador e Rio de Janeiro, promovem uma volta ao tempo. A instalação de um porto cenográfico, com o som do mar, os objetos de época e o registro de artistas que acompanhavam os viajantes entre os quais Debret, Rugendas e, mais recentemente, Marc Ferrez, além de quatro animações, colocam o público no meio dos acontecimentos.
Núcleo Contemporâneo – O entendimento do termo saúde em um sentido mais amplo, que integra a relação entre natureza e ser humano, está presente na obra de muitos artistas plásticos. A importância da saúde na vida da sociedade é apontada pela arte contemporânea como forma de reação às injustiças sociais e também como alerta, para que todos possam descobrir de que maneira podem contribuir para cuidar de si mesmos e do outro.
As esculturas de Louise DD, que tratam dos antidepressivos, são um bom exemplo. A artista, que sofre de depressão, fez nela própria uma tatuagem, tarja preta. Já Bispo do Rosário criou um universo lúdico de bordados, assemblages, estandartes e objetos num dos mais obscuros períodos da psiquiatria, driblando os mecanismos de poder dos manicômios da época, que praticavam tratamentosà base de eletrochoques e até lobotomias. À sua Saúde apresentará 22 trabalhos do artista, dois dos quais inéditos.
Adriana Varejão, por outro lado, se apropria de ícones da civilização europeia e denuncia a violência da colonização: neste caso, subverte o mobiliário barroco e cria cadeiras feitas de carne seca, na obra Elegia Mineira. Fabio Magalhães usa imagens do próprio corpo como matéria-prima de suas pinturas; Paulo Bruscky e Jac Leirner utilizam imagens médicas para desenvolver obras cujo conceito está ancorado numa outra forma de compreensão do corpo.
Os trabalhos de Rodrigo Braga, que recuperam uma medicina quase ritualística (um retorno ao olhar místico da cura pela natureza), se encontram com o humor seco de Raquel Nava, cujas fotografias constroem situações inusitadas entre elementos da natureza e objetos de limpeza. A obra RIO OIR, de Cildo Meireles, tem como foco as fronteiras aquáticas. Tanto no jogo de palavras proposto pelo palíndromo que compõe o nome da obra, quanto no objeto de arte em si, há uma relação direta de mapeamento das fronteiras dos rios brasileiros com um interesse puramente poético, de criação de uma paisagem sonora, que amplia o conceito de paisagem já iniciado nos trabalhos de Rodrigo Braga e de Raquel Nava.
Fonte: Comunicação CFF
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