05 set Anunciada primeira vacina contra dengue
Um laboratório francês anunciou ontem aquela que pode vir a ser a primeira vacina contra a dengue já lançada. Um estudo de eficácia de fase 3, última antes da submissão às autoridades de saúde, alcançou com sucesso seu objetivo clínico, imunizando cerca de 60% dos pacientes que a receberam, disse a Sanofi Pasteur. Os quatro sorotipos do vírus foram testados.
Além disso, os resultados indicaram uma redução de 80,3% no risco de hospitalização pela doença e um comprovado atenuamento da variante mais perigosa, a hemorrágica. Um total de 20.875 crianças e adolescentes de 9 a 16 anos de países latinoamericanos como Brasil, Colômbia, México, Honduras e Porto Rico esteve envolvido no estudo.
O laboratório agora submeterá os resultados às autoridades de saúde dos países mais afetados, e espera-se que a vacina já comece a chegar aos mercados no próximo ano. No Brasil, a expectativa é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a examine até o final de 2015.
Pela primeira vez, após 20 anos de pesquisa, a dengue está prestes a se tornar uma doença evitável com vacinação afirmou Olivier Charmeil, presidente da Sanofi Pasteur.
Das mais de 20 mil crianças participantes, parte recebeu injeções da vacina, e parte, um placebo, com intervalos de seis meses entre as aplicações. O período de testes se estendeu de junho de 2011 a abril de 2013. Só no Brasil, cerca de 3.500 jovens foram escolhidos em cinco cidades com altos índices da doença: Fortaleza, Goiânia, Campo Grande, Natal e Vitória. As análises mostraram taxas de notificações semelhantes entre os grupos que receberam a vacina e os grupos de controle. A diferença foi que, entre os efetivamente imunizados, a prevalência de desenvolvimento da doença foi muito menor.
Estes novos resultados positivos de fase 3 da América Latina são muito encorajadores, porque estão consistentes com os resultados apresentados em julho, no ensaio clínico de fase 3 asiática. Juntos, os resultados sugerem que, pela primeira vez, uma vacina pode ajudar a controlar a dengue comentou Duane Gubler, professor e fundador do Programa de Pesquisa em Doenças Infecciosas Emergentes, da Escola Médica de Gradução DukeNUS, em Cingapura.
No Brasil, a presidente da Comissão Técnica para Revisão de Calendário e Consensos da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, também comemorou o resultado: Para um país como o nosso, onde a dengue é um grande problema, essa foi uma ótima notícia.
Segundo Isabella Ballalai, a comissão tem um grupo de 30 especialistas em imunizações que discutirá as melhores estratégias para o emprego da novidade.
Provavelmente, uma vez implantada, partiremos do princípio de que todos devem se vacinar disse.
ESTUDOS TAMBÉM NO BRASIL
Pesquisas brasileiras também tentam descobrir uma vacina. Uma parceria entre o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (BioManguinhos/Fiocruz) e o laboratório GlaxoSmithKline (GSK) está na fase pré-clínica, na qual estão sendo avaliadas a segurança e a imunogenicidade em macacos.
Em São Paulo, o Instituto Butantan já vem testando uma variedade em humanos. Estima-se que, por ano, cerca de 500 mil pessoas tenham dengue grave com necessidade de internação hospitalar no mundo.
Entre 2003 e 2013, os casos notificados nas Américas aumentaram mais de quatro vezes, de 517.617 para 2,3 milhões.
Fonte: O Globo
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