03 maio Zika causa danos mais sérios do que se esperava
Numa pequena sala de exames em Salvador, Ana Gabriela do Prado Paschoal começou um ritual doloroso que já se tornou familiar. A cabeça de seu bebê é menor que o normal, disse a médica à mãe, que contraiu o vírus da zika durante a gravidez.
A criança de três meses, Maria Luiza, também tem lesões no cérebro. Seus músculos são mais rígidos que o normal, um sinal de danos cerebrais. Maria Luiza vai levar mais tempo para começar a andar e a falar, disse a médica à mãe, uma trabalhadora rural de 24 anos. Provavelmente haverá complicações mais sérias, mas a médica não quis dar mais notícias ruins naquele dia.
A escala e a gravidade dos danos pré-natais causados pelo vírus da zika são muito maiores que os defeitos de nascimento associados à microcefalia, uma doença caracterizada pelo tamanho reduzido da cabeça e anormalidades no cérebro. Ultrassonografias e autópsias mostram que o vírus da zika corrói o cérebro do feto. Ele encolhe e destrói os lóbulos que controlam o pensamento, a visão e outras funções básicas e impede que partes do cérebro se desenvolvam.
A microcefalia, um raro defeito de nascimento que afeta cerca de seis em cada 10 mil bebês nos Estados Unidos, é frequentemente associada a atrasos no desenvolvimento e a deficiências mentais. Mas algumas crianças são afetadas só levemente. No Brasil, praticamente todos os casos relacionados à zika envolvem dano cerebral significativo.
Fonte: Valor Econômico
Autor: Luciana Magalhães e Betsy Mckay
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