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Tomar remédio exige orientação médica

Tomar remédio exige orientação médica

Não é difícil encontrar anúncios que prometem alívio rápido da dor de cabeça até um desconforto estomacal. Mas até que ponto o consumo indiscriminado destes medicamentos pode ser aceitável? Para os médicos, o uso racional é sempre a melhor alternativa, sem contar, os perigos provocados pela automedicação que podem custar à própria vida.

Apesar de nunca ter realizado uma pesquisa de forma concreta a dimensão da questão entre os brasileiros, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), têm realizado nos últimos anos campanha de conscientização. Uma das mais conhecidas foi tornar obrigatória a inserção da frase “Ao persistir os sintomas, o médico deverá ser consultado”, na tentativa de melhorar a qualidade da propaganda de medicamentos isentos de prescrição médica (ou MIPs) – analgésicos simples, anti-inflamatórios e relaxantes musculares -, que estão facilmente à disposição dos consumidores.

Mas, na avaliação do Clínico geral Ernesto Yamano, apesar de não saber ao certo a dimensão do problema, é possível dizer que há uma cultura de medicalização enraizada na sociedade brasileira. “Antigamente se tinha uma farmacinha em casa porque era difícil consultar um médico. Hoje o que acontece é que, na correria do dia a dia, não dá tempo para uma consulta médica. Some-se a isso o fato de que as pessoas se automedicam pelos mais diversos motivos: a mulher que quer tomar moderador de apetite para emagrecer rapidamente; a insônia que é tratada com o remédio da amiga; o culto da virilidade que é conseguido com a pílula azul comprada sem receita médica e de maneira ilegal. Estes são alguns exemplos de comportamentos que levam à automedicação e pode por em risco a vida das pessoas”, afirma.

Uma pesquisa realizada pelo Centro Multidisciplinar da Dor no Rio de Janeiro revelou dados alarmantes. Segundo o estudo, 51% dos pacientes se baseiam em sugestões de pessoas não qualificadas para o uso de medicamentos e 40% em prescrições anteriores. A pesquisa também apontou os principais motivos para a automedicação: infecção respiratória alta (19%), dor de cabeça (12%) e má digestão (7,3%).

Para Yamano, não é um erro utilizar medicamentos simples como analgésicos e anti-gripais. Entretanto, é preciso ter bom senso para procurar atendimento médico se não há melhora dos sintomas. “Já tive paciente que alegava fazer uso de medicamentos para gastrite, porque sentia dores no estômago há muitos meses. Quando resolver procurar atendimento médico para investigação, descobriu que tinha um câncer de estômago em estágio avançado. Muitas vezes um mesmo sintoma é compartilhado com várias doenças. A tosse que você tem não é necessariamente a mesma doença que seu amigo ou vizinho tem e, portanto, o tratamento não vai ser o mesmo. Cabe ao médico realizar através de exame clínico minucioso o diagnóstico correto e tratamento adequado”.

Uso de medicamento provoca intoxicações

Além da possibilidade de estar mascarando e retardando o diagnóstico e tratamento adequado de uma doença mais grave, o risco da ingestão de remédios sem orientação médica é grande, principalmente, porque também pode levar o paciente a um quadro de intoxicação acidental. “Vale lembrar-se de uma frase antiga que diz que o que difere o remédio do veneno é a dose, portanto, muitas vezes doses inadequadas podem levar a intoxicações e outras reações adversas. As pessoas tendem a acreditar que medicamentos simples como analgésicos e anti-inflamatórios são inócuos, mas não são. Basta lembrar que são os principais medicamentos relacionados com alergia, sangramentos digestivos, insuficiência renal e hepatite aguda. O paracetamol, que é um medicamento bastante comum e nosso meio, está entre asa principais causas de transplante hepático por toxidade aguda por drogas nos Estados Unidos. O AAS, que é a base de diversos medicamentos que aparecem nos comerciais de TV, é contraindicado nos casos de suspeita de dengue”, diz o médico Ernesto Yamano.

Ele afirma que as intoxicações e reações adversas a medicamentos é causa comum de atendimento nos plantões dos hospitais. “Não temos dados no Brasil especificamente sobre automedicação. Mas, as reações alérgicas aos medicamentos são as principais causas de atendimento em emergência”.

E as crianças são as que correm maiores riscos, pois, segundo o médico, é nesta faixa etária que as doenças virais respiratórias são mais frequentes. “As mães acham que sempre se deve dar antibiótico e normalmente acabam usando aquele resto do medicamento que estava guardado na farmácia de casa, muitas vezes sem necessidade, pois não se tratam as infecções virais com antibiótico. As crianças são o grupo que mais utiliza medicamentos por automedicação, devido ansiedade da mãe por medicalização. Existem estudos que demonstram que o uso de antibióticos no primeiro ano de vida aumenta as chances de a criança desenvolver doenças. Para as crianças só se deve dar medicamentos se for necessário”, explica.

Naturais

No caso dos remédios naturais, o cuidado de ser o mesmo. “Existem diversos tipos de medicamentos chamados naturais. Os fitoterápicos são medicamentos à base de plantas e também devem ser consumidos com o mesmo cuidado dos medicamentos convencionais. Os chás que são amplamente consumidos pela população também podem provocar danos à saúde, como foi o exemplo da hepatite e cirrose por chá de ’sacaca’. Na dúvida, se deve consumir apenas aquilo que tem benefícios comprovados”, explica o médico.

Acesso

Desde o último dia 27 está liberada, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a venda de remédios isentos de receita, nas gôndolas das farmácias, ou seja, agora eles podem ser vendidos normalmente fora do balcão. A decisão gerou polêmica entre os farmacêuticos que alertam para os riscos da automedicação com o fácil acesso aos medicamentos.

Os Conselhos Federais de Farmácia e de Medicina e a Federação Nacional dos Farmacêuticos divulgaram nota pública na qual criticam a decisão tomada pela Anvisa. Mas, de acordo com a agência, a decisão de posicionar os remédios de venda livre atrás do balcão não contribuiu para reduzir o número de intoxicações no Brasil. A liberação inclui uma lista extensa de medicamentos contra a gripe, a antiácidos e alguns analgésicos. (N.S.)

Fonte: O Liberal 09/09/2012, Caderno Atualidades, pág. 9 

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