20 ago Sistema de saúde é mal avaliado em pesquisa
Pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) ao Datafolha apontou que 92% dos brasileiros avaliam negativamente a situação da saúde no Brasil. Apenas 2% deram nota máxima (10) para o serviço, enquanto 26% atribuíram grau zero a ele. Dos 2.418 entrevistados pelo instituto, 57% consideram a saúde a área de maior importância no país. O levantamento foi realizado de 3 a 10 de junho último, em 151 municípios com homens e mulheres que possuem idade mínima de 16 anos. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), particularmente, a insatisfação é de 87% da população.
Nos últimos dois anos, 92%buscaram o acesso a algum serviço pelo SUS e 89% tiveram êxito. O instituto identificou, contudo, que 30%dos entrevistados estão na fila esperando a marcação de algum procedimento. Deste grupo, 29% aguardam há mais de seis meses. O levantamento aponta ainda que os não usuários do sistema avaliam de forma mais severa os serviços do que os que fazem uso do SUS. A avaliação melhora entre os jovens (de 16 a 24 anos), nas classes D e E e entre os que possuem apenas escolaridade fundamental. A situação da saúde no Brasil é mais mal avaliada entre as classes A e B e entre os que possuem nível superior. Chama a atenção na pesquisa o fato de que 22% dos que utilizam o sistema público possuam plano de saúde.
Na avaliação do CFM, isso reflete falhas também na cobertura de procedimentos oferecida pelo setor privado. De acordo com o presidente do conselho, Roberto Luiz d”Ávila, os números negativos detectados pelo Datafolha estão em linha com a percepção da classe médica. “Não somos nós, médicos, que continuamos a dizer que a insatisfação é muito grande. No nosso meio, temos certeza absoluta de que esse atendimento é insatisfatório, afirmou. D”Ávila criticou, especialmente, a gestão da saúde realizada nos governos dos presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, durante os quais, na opinião dele, houve um “sucateamento” da área.
O presidente do CFM criticou ainda o programa Mais Médicos, do governo federal, mas disse que evita o tema, porque cada vez que fala sobre ele “o ibope do Padilha (ex-ministro da Saúde e candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha) e da presidenta sobe.” Já o vice-presidente do conselho, Carlos Vital, considerou que o problema da saúde é crônico, mas “vivemos uma fase de agudização desse problema nos últimos 12 anos”, disse. O Ministério da Saúde informou que os recursos destinados à rede pública mais que triplicaram nos últimos 11 anos, passando de R$ 27,2 bilhões, em 2003, para R$ 91,6 bilhões, em 2014.
Recursos que, segundo a pasta, garantiram resultados como a cobertura de cerca de 60% da população pelas equipes de Saúde da Família, com ampliação do acesso a 50 milhões de brasileiros, atendidos pelos 14,4 mil médicos do Programa Mais Médicos; 75%da população com acesso ao Samu; mais de 90% da cobertura vacinal, incorporando todas as vacinas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde; manutenção do maior sistema de transplante público do mundo, com 95% do total das cirurgias realizadas pelo SUS; e ampliação, desde 2011, de mais de 16 mil leitos do SUS em unidades mais próximas da casa do cidadão.
Fonte: Brasil Econômico
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