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Risco de microcefalia causada pelo vírus da zika é de 1%, diz estudo

Risco de microcefalia causada pelo vírus da zika é de 1%, diz estudo

Qual é a chance de uma mulher grávida que foi infectada pelo vírus da zika ter um bebê com microcefalia? A resposta começou a ganhar contornos reais com a publicação de um estudo na noite desta terça (15) na revista médica inglesa “Lancet”.

Pesquisadores investigaram o surto que aconteceu na Polinésia Francesa entre outubro de 2013 e abril de 2014, no qual 66% da população teve a infecção. Pelas contas dos pesquisadores, 95 a cada 10 mil mulheres infectadas no primeiro trimestre da gestação teriam um bebê com microcefalia —arredondando, o número fica na casa de 1%.

Outras más-formações associadas ao vírus, como calcificações e degeneração ocular, não foram consideradas. Dos oito casos de microcefalia encontrados, cinco terminaram com abortos (na França e em seus territórios a prática é permitida no caso de doenças incuráveis). O perímetro cefálico, critério diagnóstico para a má-formação, foi avaliado durante um ultrassom no segundo trimestre.

No final de 2015, quando houve grande aumento de casos de bebês microcefálicos no Brasil, a França disse desconhecer a relação do fenômeno com o vírus da zika, mesmo tendo havido um surto na Polinésia. O motivo: os abortos afastaram a relação para longe do radar. Após fazer uma busca mais cuidadosa, foi possível concluir que o risco de 1% de microcefaliano caso de uma infecção de uma grávida pelo vírus da zika.

Para chegar à conclusão — feita a partir de um modelo matemático—, os cientistas tiveram de fazer algumas assunções,como: 1) todos os casos de microcefalias foram identificados; 2) o número de infecções pelo vírus é proporcional aos casos suspeitos no mesmo período e 3) a proporção de mulheres férteis infectadas é similar à de crianças soropositivas.

Um dos motivos de os cientistas acreditarem na conta é a população pequena, na casa dos 270 mil habitantes espalhadas por arquipélagos e ilhas. Outro é que a Polinésia Francesa possui estatísticas e protocolos de saúde pública semelhantes ao da França —ou seja, confiáveis.

Para o Brasil, o modelo não poderá ser aplicado diretamente.Uma das peculiaridades de cada local é a variável “taxa de ataque” (razão entre infectados e população exposta ao vírus).

Nas contas oficiais esse número ficou em 66% na Polinésia e em 72% na ilha de Yap, na micronésia. No Brasil, ele já foi estimado em 10%, mas sabidamente o número pode variar em locais e circunstâncias distintos. “Pelo fato de ele ainda estar em curso, ainda há muitas incertezas no surto brasileiro, por exemplo a respeito do número exato de microcefalias ou do número de infecções por zika”, disse à Folha o principal autor do estudo Simon Cauchemez, do Instituto Pasteur (França). “Devemos tomar muito cuidado para não extrapolar os dados. Com o que temos, a experiência da Polinésia Francesa pode ser útil como ponto de comparação”.

Para o virologista da Faculdade de Medicina de Rio Preto Maurício Nogueira, a estimativa deve tranquilizar as grávidas. O risco de 1% seria baixo. A realidade de alguns Estados do país se mostra mais grave, porém. Em Pernambuco, 2% do total de partos resultaram em bebês com suspeita de microcefalia,muito acima da taxa de 2 para 10 mil da Polinésia Francesa. Mesmo assim, “o estudo traz informação anti teoria da conspiração,para acalmaras pessoas que dizem que microcefalia por zika só tem no Brasil”, diz Nogueira.

Resultado é um alento diante da histeria que tomou o país

O artigo publicado na revista médica “Lancet” definindo o risco de microcefalia em casos de gestantes infectadas por zika é um alento diante da histeria coletiva que tomou conta do Brasil e do mundo.

Nos últimos meses, as sucessivas imagens dramáticas de bebês microcéfalos e as falas das autoridades pintavam um cenário apocalíptico, “uma geração de sequelados”, nas palavras do ministro da Saúde,Marcelo Castro.
Diante da perspectiva de gerarem bebês com inúmeras limitações, muitas mulheres têm recorrido ao aborto ilegal tão logo a zika é confirmada.

A decisão é tomada no escuro, sem confirmação da microcefalia, já que as alterações cerebrais só aparecem a partir do segundo ou terceiro trimestre de gestação.

Agora, com o novo dado, muitas das gestantes infectadas devem se perguntar: vale a pena eu abortar diante da chance de 1% de o meu bebê desenvolver microcefalia? A comparação com a síndrome da rubéola congênita, que pode causar más-formações fetais entre 38% a 100% dos casos, também coloca as coisas sob outra perspectiva. Mas só em tese. O vírus da rubéola está oficialmente erradicado do continente americano, enquanto o da zika está se espalhando feito pólvora.

É bom reforçar que o estudo tem limitações, como não ter considerado outras possíveis complicações pelo zika, como calcificação e outras más-formações. Os resultados também estão um pouco distante da realidade de Pernambuco, onde 2% do total de nascimentos resultaram em crianças com microcefalia.Mas isso não desacredita o trabalho polinésio. Ao contrário, só reforça a hipótese de alguns de que possa existir um outro fator (genético, ambiental?), além do vírus da zika, associado a ao aumento das más-formações em Pernambuco e outros Estados do Nordeste.

Fonte: Folha de S.Paulo
Autor: Gabriel Alves e Cláudia Colucci

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