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Medicamento para Chagas será entregue a cinco países

Medicamento para Chagas será entregue a cinco países


As máquinas que produzem o Benzonidazol, medicamento para doença de Chagas, voltam a trabalhar a todo o vapor na próxima semana. Em 20 dias, será possível atender a demanda global para 2012. O anúncio foi feito pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, durante o Encontro de Parceiros da realizado no Rio de Janeiro (RJ), nesta sexta-feira (2).

Além do medicamento para uso adulto, o Brasil vai iniciar a fabricação da versão pediátrica, aprovada nesta semana pela Anvisa. O novo produto evitará a interrupção do tratamento infantil, que era feito com frações de até um oitavo do comprimido adulto. Único produtor no mundo, o Brasil distribuiu, só neste ano, mais de 1 milhão decomprimidos do Benzonidazol.

Nesta quinta-feira (1), o laboratório privado Nortec entregou 338 kg da matéria-prima ao laboratório público Lafepe, que fabricará o medicamento. A expectativa é de entrega, ainda neste mês, de 4,6 milhões de comprimidos.

Os laboratórios estão cumprindo cronograma definido pelo governo brasileiro, a Organização Panamericana de Saúde (Opas) e Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDI, na sigla em inglês). O ajuste foi feito para atender novas demandas da Bolívia, Colômbia, Venezuela, Argentina, Paraguai e Uruguai.

“Com o insumo pronto, temos a certeza de que não faltará medicamento à população. Trata-se de um produto de baixo valor, mas de fabricação complexa, o que restringe sua oferta no mercado”, detalhou Gadelha.

DEMANDA

A demanda externa anual pelo Benzonidazol cresceu 113% em relação à projeção inicialmente realizada pela Opas e DNDI, passando de 1,5 milhão para 3,2 milhões de comprimidos. A alta foi puxada pela expansão do tratamento aos pacientes assintomáticos.

O envio a outros países é feito a partir da Opas e do Médicos Sem Fronteira, de acordo com a demanda de cada localidade. Internamente, a distribuição é feita conforme solicitação dos estados, com estimativa de consumo de 500 mil comprimidos por ano.

Desde 2008, o Lafepe usava o estoque de matéria-prima da Roche, que sustou a produção por sua baixa rentabilidade. Desde então, a produção é feita no Brasil, que distribuiu 2,7 milhões de comprimidos. Com o fim dos estoques da Roche, o Ministério da Saúde articulou parceria público-privada com a Nortec para produção de matéria-prima. Nesse período, estoques estratégicos do Ministério da Saúde garantiram a manutenção do abastecimento.

A DOENÇA

A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que se adquire pelo contato direto com as fezes do “barbeiro”. Apesar do controle da transmissão vetorial (pelo inseto), o país tem observado casos de transmissão por alimentos contaminados.

Os principais sintomas são febre prolongada, dor de cabeça, fraqueza intensa, inchaço no rosto e pernas. Especialmente quando a transmissão é oral, são comuns dor de estômago, vômitos e diarreia.

Devido à inflamação no coração, pode ocorrer falta de ar intensa, tosse e acúmulo de água no coração e pulmão. No local da entrada do parasita, normalmente a picada do barbeiro, em geral aparece lesão semelhante a furúnculo no local, conhecido como chagoma de inoculação.

DOENÇAS NEGLIGENCIADAS

O Brasil produz diversos medicamentos para ajuda humanitária internacional, por meio de parcerias entre laboratórios públicos e privados. O investimento em laboratórios públicos produtores saltou de R$ 8,8 milhões em 2000 para mais de R$ 54 milhões em 2011.

Além disso, desde 2003, o ministério orienta grande parte de seus recursos a linhas de pesquisa relacionadas às doenças “negligenciadas”. O Brasil está no topo da lista de países que financiam pesquisa em dengue, segundo a GFinder List, instituição inglesa que realiza levantamento anual de pesquisas. De 2002 a 2010, o Ministério da Saúde financiou 518 projetos de pesquisa em doenças negligenciadas, investindo um total de quase R$ 95 milhões.

Fonte: Ministério da Saúde

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