12 mar Laboratórios reforçam apostas no segmento fitoterápico
Alvo de resistência e preconceito da classe médica no passado, por estar associado a tratamentos com chás e ervas, o segmento de medicamentos fitoterápicos está recebendo investimentos dos laboratórios nacionais e estrangeiros instalados no país. O Aché, uma das maiores farmacêuticas nacionais, vai lançar em abril um novo produto voltado para a área respiratória. A pernambucana Hebron e a sul-africana Aspen também estão trabalhando para ampliar o portfólio desses medicamentos.
O laboratório Aché foi o primeiro do país a registrar uma patente de fitoterápico desenvolvido totalmente no Brasil. O anti-inflamatório Acheflan foi lançado em 2005 e é líder em sua categoria, mais vendido que tradicionais medicamentos tópicos sintéticos. Temos uma linha de nove produtos e estamos preparando o lançamento de mais um no próximo mês, disse ao Valor Marcelo Neri, diretor da unidade de prescrição da empresa.
O Aché lançará o Liberaflux, o primeiro fitomedicamento expectorante da companhia à base de extrato seco de Hedera helix, espécie cultivada em Portugal e na Irlanda. Essa molécula movimenta R$ 80 milhões por ano no Brasil e está entre as principais em crescimento no mercado. O xarope expectorante chega ao mercado em apresentações de 7,5mg/ml, em frascos com 100 ml e 200 ml.
Com uma participação de 7% nesse segmento no Brasil, o Aché registrou receita bruta de R$ 2,6 bilhões em
Em 2011, o mercado de fitoterápicos movimentou cerca de R$ 1,1 bilhão no Brasil, aumento de 13% em relação ao ano anterior, de acordo com José Roberto Lazzarini Neves, da consultoria Pharmalaza, com base nos dados da consultoria IMS Health. No acumulado dos últimos cinco anos, o segmento de fitoterápicos cresceu 10,5%. Cerca de 45 milhões de unidades foram comercializadas no ano passado. Em
Os fitoterápicos são medicamentos desenvolvidos a partir de extratos vegetais padronizados. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os critérios de pesquisa e desenvolvimentos desses produtos são os mesmos que os medicamentos sintéticos. Segundo Mônica da Luz Carvalho Soares, coordenadora da farmacopeia Brasil da Anvisa, há mais produtos desenvolvidos no país a partir de plantas exóticas (de fora do país) do que nativas.
Atualmente, a Alemanha é o maior produtor de medicamentos fitoterápicos no mundo, afirmou Eduardo Pagani, presidente da Sobrafito (Associação Médica Brasileira de Fitomedicina). Atualmente, a Sobrafito está dando um curso de fitoterapia para 300 médicos do SUS (Sistema Único de Saúde) de todo país.
De acordo com Lazzarini, as pesquisas a partir de plantas nativas estão praticamente paradas por conta das restrições impostas para pesquisas.
Se essas plantas estiverem em área indígena, as pesquisas ficam ainda mais complicadas, afirmou Josimar Henrique da Silva, presidente do laboratório pernambucano Hebron. A companhia deverá lançar entre 2013 e 2014 três novos medicamentos fitoterápicos. Em outubro, colocamos um produto no mercado. Temos um portfólio com 15 medicamentos dessa linha, disse. Segundo Silva, os laboratórios estão em discussão com o governo para flexibilizar as regras para pesquisar plantas nativas.
Em
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente informou que exerce a função de secretaria executiva do CGEN (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético). Esse conselho é o órgão competente para emitir as autorizações de acesso ao patrimônio genético de espécies da biodiversidade brasileira para fins de pesquisa científica, bioprospecção e desenvolvimento tecnológico, o que inclui a atividade de elaboração de fitoterápicos. Esta competência encontra fundamento na MP 2186-16/2001, a legislação brasileira vigente sobre o tema.
Ainda segundo o ministério, o Brasil ocupa posição de vanguarda em acesso e repartição de benefícios, condizente com o avanço nos compromissos internacionais sobre conservação e uso sustentável da biodiversidade e repartição de benefícios, tais como a Convenção da Diversidade Biológica e o mais recente Protocolo de Nagoia. O CGEN vem renovando e modernizando a gestão do acesso e repartição de benefícios, tanto com a elaboração de normas e procedimentos simplificados para a pesquisa, como na eficiência na emissão das autorizações de acesso. Para isso, descentralizou a competência para emissão de autorizações específicas ao Ibama, O Iphan e CNPq. O CNPq, inclusive, já opera em ambiente informatizado.
Fonte: Valor Econômico
Nenhum comentário