05 set Inibidores: até 8 meses para voltar ao mercado
Apesar da decisão do Senado de liberar a produção e a venda de inibidores de apetite, a volta de medicamentos à base de femproporex, mazindol e anfepramona às farmácias deve demorar ainda de seis a oito meses. Isso porque, após a promulgação do projeto pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros, e a publicação no Diário Oficial, as indústrias farmacêuticas terão de pedir novos registros e a aprovação dos medicamentos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo a agência, os registros desses anfetamínicos estavam cancelados. O órgão informa ainda que deverá ser proposta uma nova resolução para que a venda da sibutramina continue com regras rígidas e para que os anfetamínicos só voltem ao mercado após apresentarem estudos de efetividade e segurança.
A proibição havia sido determinada pela própria Anvisa. Em uma nota técnica com 73 páginas, a agência argumentava que os remédios representavam riscos aos pacientes. Apenas a sibutramina continuou liberada, mas a resolução aumentou o controle sobre seu consumo. A liberação da venda desses remédios, efetivada pelo Congresso por meio de um decreto legislativo, divide a classe médica.
Embora muitos defendam que a decisão de recomendar os emagrecedores caiba aos especialistas, há quem não veja com bons olhos a interferência de senadores em um tema essencialmente técnico.
Representantes de entidades médicas participaram de audiências públicas e encontros com parlamentares antes da votação no Senado. A endocrinologista Maria Edna de Melo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), acompanhou a votação e disse que a liberação é uma vitória para o paciente: O médico volta a ter mais ferramentas para tratar a obesidade. Os senadores escutaram os médicos. Quando foram autorizadas, estas substâncias não passaram por estudos clínicos rigorosos, não exigidos à época. Mas o prazo que esses medicamentos ficaram no mercado dá respaldo ao seu uso.
A SBEM, por meio de nota, também comentou a decisão. No Brasil, 65 milhões de adultos estão acima do peso, e, dentre estes, 22 milhões são obesos.
Além de medidas de prevenção, é fundamental o tratamento, diz um trecho.
MÉDICA CRÊ EM MAIS CONTROLE
A médica Maria Fernanda Barca, membro de uma sociedade de endocrinologia nos EUA, disse apoiar a liberação, até para que aumente o controle sobre o uso. Tem gente que compra fórmulas no salão de cabeleireiro. Com a liberação, vai existir maior controle.
Adriana Lucia Mendes, endocrinologista da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu (SP), também concorda com a liberação, mas questiona o papel do Senado no assunto e defende uma prescrição mais rigorosa.
Qual o entendimento de saúde do Senado? Mas também é fato que a Anvisa resolveu proibir esses medicamentos sem ouvir as sociedades médicas.
Acredito que a venda precisa ser com normas rigorosas afirmou.
Voz dissonante, Marcos Tambascia, professor de endocrinologia da Unicamp, mantém sua opinião: não prescreverá essa classe de medicamentos.
Ele foi favorável à proibição pela Anvisa: Na maioria dos países, esses medicamentos não existem mais. Estudos já provaram que os riscos são maiores que os benefícios. Não se resolve a epidemia de obesidade com remédio, mas com mudança de alimentação e estilo de vida.
Fonte: O Globo
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