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Imunossupressor reduz reserva ovariana de mulheres com lúpus

Imunossupressor reduz reserva ovariana de mulheres com lúpus

O uso de medicamentos imunossupressores para o tratamento de lúpus eritematoso sistêmico, uma doença auto-imune, é causa de disfunções ovarianas em mulheres portadoras da doença desde a infância. “Há uma redução subclínica da reserva ovariana nas pacientes adultas com lúpus eritematoso sistêmico de início pediátrico relacionada com as doses cumulativas de ciclofosfamida e metotrexato”, relata o médico Daniel Brito de Araujo, que constatou o dado em seu doutorado, desenvolvido na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

“Essa disfunção ovariana pode levar a uma diminuição no potencial de fertilidade das pacientes lúpicas e reforça a necessidade de usar medicamentos que protejam a função ovariana nas pacientes utilizando imunossupressores”, conta Araujo. O impacto negativo do metotrexato na reserva ovariana das pacientes, até então, nunca havia sido evidenciado em nenhum outro trabalho.

“Doença autoimune é aquela em que o sistema imunológico da pessoa apresenta alterações atacando e danificando suas células e tecidos”, explica o pesquisador. O lúpus eritematoso sistêmico pode acometer qualquer órgão, principalmente a pele, articulações, rins, células do sangue, sistema nervoso central e periférico. As principais afetadas são as mulheres jovens, que podem desenvolver uma forma leve da enfermidade, ou até uma doença extremamente grave e com alto risco de mortalidade. Para o controle da doença, é comum a utilização de medicamentos que suprimem a atividade do sistema imune dos pacientes, os chamados imunossupressores, impedindo o ataque ao próprio organismo.

 Reserva ovariana

A pesquisa de Araújo buscou avaliar, nas pacientes adultas que iniciaram o lúpus na infância e adolescência, a capacidade de seus ovários de prover óvulos com potencial de fertilidade em determinado momento, em outras palavras, a reserva ovariana dessas mulheres.” A reserva ovariana diminui naturalmente com a idade até a menopausa, período em que não existe mais potencial de fertilidade pela ausência de oócitos [células germinativas que dão origem aos óvulos]. Além desta diminuição natural que ocorre com o passar dos anos, outros fatores como algumas medicações, como os imunossupressores usados no lúpus, e tabagismo podem impactar negativamente a reserva ovariana”, esclarece o médico. O objetivo da pesquisa foi verificar, justamente, o impacto da doença e dos imunossupressores sobre a produção de óvulos nas pacientes.

Além disso, o estudo tinha o objetivo secundário de testar a hipótese de que a presença do anticorpo lúteo (anti-COL), dirigido contra o corpo lúteo, teria impacto negativo sobre a reserva ovariana. “O corpo lúteo é uma estrutura endócrina temporária formada durante a fase lútea do ciclo ovulatório, liberando principalmente progesterona e estradiol, sendo essencial para o estabelecimento e manutenção da gravidez”, elucida Araujo. A hipótese, contudo, não foi comprovada.

Procedimentos e testes

Participaram do estudo mulheres adultas que tiveram um diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico de início na infância, pacientes do Ambulatório de Lúpus da Disciplina de Reumatologia da FMUSP. O grupo controle, por sua vez, foi composto por mulheres saudáveis da comunidade. As participantes passaram por coleta de sangue e contagem de folículos antrais (estruturas onde ocorre o amadurecimento dos oócitos) por intermédio da ultrassonografia transvaginal entre o segundo e quarto dias do ciclo menstrual. Os exames foram realizados pelo médico Lucas Yamakami, do Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas (HC). As dosagens hormonais e do anticorpo lúteo foram realizadas pelo Laboratório de Hormônios e Genética Molecular (LIM/42) e pelo Laboratório de Investigação Médica (LIM) da Disciplina de Reumatologia da FMUSP.

“Na amostra de sangue foram dosados as concentrações de hormônio folículo-estimulante, hormônio luteinizante, estradiol e hormônio anti-Mülleriano e o anticorpo anti-corpo lúteo”, enumera o pesquisador. E conclui: “Os testes realizados mostraram uma diminuição nas concentrações do hormônio anti-Mülleriano [produzido somente por folículos ovarianos em crescimento] e da contagem de folículos antrais, caracterizando uma redução subclínica da reserva ovariana nas pacientes adultas com lúpus eritematoso sistêmico de início pediátrico”.

Defendido em maio, o estudo contou com a orientação do professor Clovis Artur Almeida da Silva, que recebeu financiamentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Federico Foundation, Suíça. Também participou do trabalho, como coorientador, o professor Eduardo Borba, também com financiamentos do CNPq e da Federico Foundation.

 

Fonte: Agência USP de Notícias

 

 

 

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Imunossupressor reduz reserva ovariana de mulheres com lúpus

Imunossupressor reduz reserva ovariana de mulheres com lúpus

O uso de medicamentos imunossupressores para o tratamento de lúpus eritematoso sistêmico, uma doença auto-imune, é causa de disfunções ovarianas em mulheres portadoras da doença desde a infância. “Há uma redução subclínica da reserva ovariana nas pacientes adultas com lúpus eritematoso sistêmico de início pediátrico relacionada com as doses cumulativas de ciclofosfamida e metotrexato”, relata o médico Daniel Brito de Araujo, que constatou o dado em seu doutorado, desenvolvido na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

“Essa disfunção ovariana pode levar a uma diminuição no potencial de fertilidade das pacientes lúpicas e reforça a necessidade de usar medicamentos que protejam a função ovariana nas pacientes utilizando imunossupressores”, conta Araujo. O impacto negativo do metotrexato na reserva ovariana das pacientes, até então, nunca havia sido evidenciado em nenhum outro trabalho.

“Doença autoimune é aquela em que o sistema imunológico da pessoa apresenta alterações atacando e danificando suas células e tecidos”, explica o pesquisador. O lúpus eritematoso sistêmico pode acometer qualquer órgão, principalmente a pele, articulações, rins, células do sangue, sistema nervoso central e periférico. As principais afetadas são as mulheres jovens, que podem desenvolver uma forma leve da enfermidade, ou até uma doença extremamente grave e com alto risco de mortalidade. Para o controle da doença, é comum a utilização de medicamentos que suprimem a atividade do sistema imune dos pacientes, os chamados imunossupressores, impedindo o ataque ao próprio organismo.

 Reserva ovariana

A pesquisa de Araújo buscou avaliar, nas pacientes adultas que iniciaram o lúpus na infância e adolescência, a capacidade de seus ovários de prover óvulos com potencial de fertilidade em determinado momento, em outras palavras, a reserva ovariana dessas mulheres.” A reserva ovariana diminui naturalmente com a idade até a menopausa, período em que não existe mais potencial de fertilidade pela ausência de oócitos [células germinativas que dão origem aos óvulos]. Além desta diminuição natural que ocorre com o passar dos anos, outros fatores como algumas medicações, como os imunossupressores usados no lúpus, e tabagismo podem impactar negativamente a reserva ovariana”, esclarece o médico. O objetivo da pesquisa foi verificar, justamente, o impacto da doença e dos imunossupressores sobre a produção de óvulos nas pacientes.

Além disso, o estudo tinha o objetivo secundário de testar a hipótese de que a presença do anticorpo lúteo (anti-COL), dirigido contra o corpo lúteo, teria impacto negativo sobre a reserva ovariana. “O corpo lúteo é uma estrutura endócrina temporária formada durante a fase lútea do ciclo ovulatório, liberando principalmente progesterona e estradiol, sendo essencial para o estabelecimento e manutenção da gravidez”, elucida Araujo. A hipótese, contudo, não foi comprovada.

Procedimentos e testes

Participaram do estudo mulheres adultas que tiveram um diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico de início na infância, pacientes do Ambulatório de Lúpus da Disciplina de Reumatologia da FMUSP. O grupo controle, por sua vez, foi composto por mulheres saudáveis da comunidade. As participantes passaram por coleta de sangue e contagem de folículos antrais (estruturas onde ocorre o amadurecimento dos oócitos) por intermédio da ultrassonografia transvaginal entre o segundo e quarto dias do ciclo menstrual. Os exames foram realizados pelo médico Lucas Yamakami, do Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas (HC). As dosagens hormonais e do anticorpo lúteo foram realizadas pelo Laboratório de Hormônios e Genética Molecular (LIM/42) e pelo Laboratório de Investigação Médica (LIM) da Disciplina de Reumatologia da FMUSP.

“Na amostra de sangue foram dosados as concentrações de hormônio folículo-estimulante, hormônio luteinizante, estradiol e hormônio anti-Mülleriano e o anticorpo anti-corpo lúteo”, enumera o pesquisador. E conclui: “Os testes realizados mostraram uma diminuição nas concentrações do hormônio anti-Mülleriano [produzido somente por folículos ovarianos em crescimento] e da contagem de folículos antrais, caracterizando uma redução subclínica da reserva ovariana nas pacientes adultas com lúpus eritematoso sistêmico de início pediátrico”.

Defendido em maio, o estudo contou com a orientação do professor Clovis Artur Almeida da Silva, que recebeu financiamentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Federico Foundation, Suíça. Também participou do trabalho, como coorientador, o professor Eduardo Borba, também com financiamentos do CNPq e da Federico Foundation.

 

Fonte: Agência USP de Notícias

 

 

 

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