10 set Dia de Prevenção ao Suicídio – Setembro Amarelo
Setembro é o mês em que é realizada a campanha de conscientização sobre prevenção do suicídio, sendo o dia 10 desse mês, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Neste ano, com o tema “Agir Salva Vidas”, a campanha reforça a importância do envolvimento da sociedade a respeito da necessidade de se discutir sobre o assunto, ajudando assim a identificar sinais de alerta, incentivar a prevenção ao suicídio e estimular a escuta, encorajando quem passa por isso a dialogar e buscar amparo profissional.
No Brasil, a campanha do “Setembro Amarelo”, teve início em 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV) e o Conselho Federal de Medicina (CFM). Desde então, o objetivo é popularizar a discussão e, além de ajudar a identificar sinais de alerta, encorajando a prevenção e reduzindo os índices de suicídio, a campanha também visa conscientizar e orientar a população sobre como a morte por esta causa é uma questão de saúde pública, podendo ser evitada através de discussões que abordem o problema e do tratamento adequado do transtorno mental de base.
O impacto da pandemia na saúde mental dos brasileiros
Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio no mundo, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil são 12 mil pessoas, quase 6% da população, de acordo com o Ministério da Saúde.
A onda de doenças relacionadas à saúde mental já vem acontecendo à longa data, a pandemia apenas escancarou a problemática. Segundo pesquisa divulgada pelo laboratório Pfizer, metade dos jovens brasileiros sentiu impacto na saúde mental durante a pandemia. Ainda conforme o estudo, 39% das pessoas entrevistadas na faixa de idade entre 18 e 24 anos, disseram que a saúde mental ficou ruim no período pandêmico e 11% responderam que ficou muito ruim.
Neste cenário, apesar dos benefícios comprovados na diminuição de contágio pela doença, o isolamento social impacta negativamente a saúde mental de pessoas. De acordo com o estudo realizado pelo laboratório, entre os fatores que impactaram a saúde mental durante a pandemia, 23% mencionaram as dívidas e a situação financeira, 18% o medo de pegar covid-19 e 12% a morte de alguém próximo. Além das preocupações cotidianas, ainda precisa-se lidar com as inseguranças, medos e incertezas sobre presente e futuro que envolve a própria Covid-19.
A piora na saúde mental das pessoas no contexto pandêmico é real. De acordo com estudo realizado ela Universidade Estadual de Campina (Unicamp) 17% dos brasileiros, em algum momento, pensou seriamente em dar fim à sua vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso.
O diálogo é a solução
Atendimentos a pessoas com sinais de depressão são discriminados pelo Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Ministério da Saúde (MS), como transtornos mentais e comportamentais. Assim, no Pará foram registradas 3.349 internações em 2020, e outras 1.657 entre janeiro e junho deste ano.
“Diálogo sempre vai ser a base de acesso, as pessoas sofrem e pouco são percebidas. O sofrimento alheio não está sendo exagerado. Falar a respeito é de suma importância para oportunizar às pessoas se expressarem – e para despertar interesse em perceber o outro.”, pontua a psicóloga Thallitta Leal, que atua no Centro de Atenção PsicoSocial (CAPS) do município de Melgaço, localizado no arquipélago do Marajó, nordeste do Estado. Segundo a psicóloga, a adaptação à nova rotina, a falta de tempo e o consequente individualismo tem influenciado na insensibilidade com o outro.
Por conta da proximidade e relação de confiança que o farmacêutico estabelece com as pessoas que buscam por orientação medicamentosa, a psicóloga ressalta ainda que o farmacêutico também é profissional de ajuda e, ao identificar sinais de alerta, pode oferecer ajuda orientando a buscar tratamento. “O ponta pé inicial é tentar se aproximar para iniciar uma conversa. O farmacêutico pode fazer uma escuta com o objetivo de incentivar a pessoa a buscar tratamento, não tentar ajuda-lo sozinho e, se a pessoa não tiver forças para se tratar, tentar identificar familiares para dialogar a respeito”.
A pandemia do coronavírus desestabilizou famílias e os impactos são advindos das maneiras em que a sociedade foi encontrando de viver em meio a um vírus que obrigou as pessoas a adquirirem novos hábitos e cuidados, “então a melhor forma de ajudar é tentar se aproximar, tentar criar um clima para conversar a respeito, acolher, dialogar, ter empatia e orientar sobre a importância de se tratar. Conversar com os familiares também é importante”, orienta a psicóloga.
O diálogo sobre suicídio e saúde mental vem ganhando força, deixando de ser tabu. As barreiras em torno do assunto estão sendo derrubadas e as informações a respeito do tema são amplamente compartilhadas, fazendo com que se torne possível que as pessoas possam buscar ajuda e conversar sobre isso.
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