06 jun COIFFA: Congressos discutem ensino farmacêutico
Coordenadores e professores de cursos de Farmácia do Brasil e dos países das Américas, de Portugal e Espanha, diretores do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e Conselheiros Federais estão reunidos, em Brasília para discutir o ensino farmacêutico, nos países ibero-americanos. Eles participam da XVI Conferência Ibero-americana de Faculdades de Farmácia e V Congresso Íbero-americano de Ciências Farmacêuticas, da Coiffa (Conferência Ibero-americana de Faculdades de Farmácia), realizados paralelamente à VIII Conferência Nacional de Educação Farmacêutica, do CFF. Os eventos, que se iniciaram, na última quarta-feira (05.06.13) e vai até a sexta-feira (07.0) e têm por tema central Ciências farmacêuticas: formação, inovação e serviço são promovidos pelo Conselho.
O Presidente do CFF, Walter Jorge João, disse, em discurso proferido na solenidade de abertura dos eventos, que o novo contexto socioeconômico e de saúde impõem transformações radicais às populações de todo o mundo, oferece-lhes novas necessidades em saúde e diferentes respostas terapêuticas. Essas mesmas mudanças reverberam profundamente em nossa profissão, como a gritar pelo nosso socorro sob a forma de cuidados clínicos, salientou Dr. Walter Jorge.
Disse que o ensino farmacêutico precisa ficar atento a essas novas realidades, e acompanhar as tecnologias de que os futuros farmacêuticos irão se valer, na lida do dia-a-dia, assim que saírem da universidade. As faculdades devem fazer um ajuste de rota, sob pena de o ensino que oferecem não mais atenderem às necessidades sanitárias, sociais, mercadológicas e profissionais dos seus países, alertou.
Ele elogiou a Coiffa pela disposição e inquietação de buscar o fortalecimento do ensino farmacêutico. Não é sem motivo que universidades de 19 países estão filiadas à entidade. A resposta para o seu tamanho está em sua credibilidade. Está na confiança que ela inspira, realçou o Presidente do CFF.
TEMAS – A Coiffa trouxe para o Brasil discussões em torno do tema central Ciências Farmacêuticas: formação, inovação e serviço. As suas sessões temáticas, minicursos, palestras e painéis abordarão, ainda, assuntos, como Educação farmacêutica, Formação para a farmácia comunitária,
Farmácia como estabelecimento prestador de serviços de saúde, As análises clínicas no contexto da rofissão farmacêutica, Práticas em serviços, Logística reversa, Práticas pedagógicas de avaliação, Práticas integrativas e complementares, Falsificação de medicamentos e outros.
INOVAÇÃO Já o Presidente dos Congressos, professor Radif Domingos, de Goiás, afirmou, em seu discurso, que a busca da inovação é um dos desafios que devem ser enfrentados pelas faculdades de Farmácia. Ele destacou o número de trabalhos científicos (205) apresentados por farmacêuticos de todo o País. Segundo ele, o significativo número é prova do sucesso dos eventos da Coiffa. Radif Domingos foi Diretor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Já o Presidente da Coiffa (o seu mandato encerrou-se, nessa quarta-feira), José Augusto Guimarães Morais, de Portugal, ressaltou o sentido de aproximação entre as faculdades de Farmácia e farmacêuticos dos países das Américas, Portugal e Espanha. Este é um momento alto de aproximação entre os povos ibero-americanos, reforçou. Segundo Morais, quando se discute o ensino farmacêutico, deve-se levar em conta o seu sentido de transnacionalidade, decorrente da complexidade da profissão e da quebra de fronteiras que deve haver no setor. José Augusto Morais é professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.
ALERTA – A Diretora da Faculdade de Farmácia da UFG e membro da Comissão Organizadora dos eventos, Eula Maria de Melo Barcelos Costa, disse que a conferência magna trouxe um alerta para questões que precisam ser trabalhadas. Ela acredita que a principal defasagem que a educação farmacêutica enfrenta, hoje, em especial a brasileira, é a falta de harmonização entre os diversos cursos de Farmácia existentes, no País.
A quantidade de cursos é grande e a gente vê uma diversidade em termos de educação, de condutas, de estruturas curriculares. Nós temos excelentes cursos, com qualidade altíssima, assim como temos cursos com uma qualidade sofrível. Isso é bastante preocupante, porque o profissional nem sempre tem a formação adequada para vivenciar todas as realidades e, no momento em que ele recebe o diploma, é um farmacêutico e não se pode questionar se ele é qualificado ou não. Ele estará em contato com a população e, muitas vezes, com uma má formação, o que pode colocar em risco a saúde do paciente. A professora Eula Barcelos lembrou, ainda, outro fator relevante no contexto do ensino: os diversos Brasis dentro
do Brasil. Segundo ela, o País tem regiões muito diferentes, com suas próprias peculiaridades, o que pode dificultar a atuação do farmacêutico, caso mude de uma localidade para outra.
As realidades das diversas regiões não são as mesmas. De repente, o farmacêutico forma-se em determinado local e migra para outro. E aquela formação que ele teve inicialmente não vai ser tão abrangente para ele atuar em todo o vasto campo de atividade profissional. Então, ele vai precisar estar, sempre, se atualizando. É preciso se conscientizar de que essa formação nunca termina, explica a Diretora da Faculdade de Farmácia da UFG.
No primeiro dia, a Conferência abordou, também, a Formação para a farmácia comunitária. Eula de Melo Barcelos destacou que, no Brasil, o aprendizado sobre como será o trabalho do farmacêutico em farmácias comunitárias é feito por meio de estágios em farmácia- escola ou farmácias universitárias, dentro das faculdades. Nesse ambiente, há a possibilidade de os estudantes de Farmácia terem o ensino, a prática e a pesquisa. Os cursos de Farmácia devem ter estágios obrigatórios, desde o terceiro período até o final, para que o estudante tenha a oportunidade de vivenciar as diversas situações profissionais que enfrentará, no futuro. Isso é o que coroa a formação do farmacêutico, explicou a professora Eula Barcelos.
A professora de Controle da Qualidade de Medicamentos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Brasília (UnB), Dâmaris Silveira, acredita na necessidade de melhorar a atuação farmacêutica nos âmbitos da tecnologia e da educação. É muito importante que a gente tenha uma tecnologia brasileira sendo desenvolvida e farmacêuticos sendo capacitados para atuar como agentes profissionais da saúde, lembrou.
Outro tema abordado na XVI Coiffa foi O futuro das análises clínicas no contexto da profissão farmacêutica. O Presidente do Congresso, professor Radif Domingos destacou que nesse segmento, a Farmácia está perdendo campo de atuação para a Biomedicina e, com isso, algumas instituições de ensino estão deixando de oferecer essa disciplina.
Boa parte dos laboratórios de análises clínicas do País está nas mãos de farmacêuticos que têm uma forte tendência a perder mercado para os biomédicos. O mercado de trabalho, hoje, está muito competitivo entre o biomédico e o farmacêutico. Com isso, muitas faculdades de Farmácia
estão deixando de ensinar a parte de análises clínicas. Mas os cursos que têm realmente compromisso social continuam ensinando análises clínicas, explicou o Presidente do Congresso.
Fonte: CFF
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