26 maio O coração das diabéticas em risco
A medicina começa a investigar com maior rigor a influência das diferenças entre os sexos nas doenças cardiovasculares e seus desdobramentos. Na semana passada, um time de cientistas do Reino Unido, da Holanda e da Austrália anunciou que as mulheres diabéticas têm 44% mais probabilidade do que homens com a mesma condição de apresentar problemas nas artérias que irrigam o coração, as coronárias o que pode levar à ocorrência de infarto e insuficiência cardíaca. O dado é fruto de uma meta-análise de 64 estudos. Ao todo, as informações contidas nesses trabalhos correspondem a 50 anos de observação de um contingente de 858.507 pessoas e 28.203 incidentes coronarianos. É o mais amplo levantamento já feito sobre o tema.
A grande questão agora é identificar as razões dessa diferença.Existem várias suspeitas, mas até agora nada foi comprovado, diz a cardiologista Maria da Consolação Vieira Moreira, diretora científica da Sociedade Brasileira de Cardiologia e professora da Universidade Federal de Minas Gerais. Os autores do levantamento que constatou o risco mais elevado especulam que a diabetes parece prejudicar mais o metabolismo das mulheres. Por isso, quando iniciam o tratamento, elas já enfrentam maiores sequelas. Isso também explicaria o fato de as mulheres terem mais dificuldade para alcançar as metas do tratamento. Mais estudos são necessários para determinar os mecanismos reais responsáveis pela diferença no risco coronariano relacionada à diabetes entre os sexos, disse Rachel Huxley, da Universidade de Queensland, na Austrália, uma das autoras da pesquisa. O estudo foi publicado na revista Diabetologia.
Há de fato grande urgência em saber o que eleva o perigo para o coração feminino. Uma em cada três mulheres no mundo morre por problemas cardiovasculares. É a doença que mais tira vidas femininas, diz a cardiologista Maria da Consolação. Para piorar, elas também enfrentam um risco maior do que os homens de sofrer acidentes vasculares cerebrais. Se forem diabéticas, por exemplo, estudos indicam que o risco é 25% maior do que em homens na mesma condição. Acima dos 55 anos, o risco se torna altíssimo, diz a médica. As descobertas estão fomentando o debate. Se a mulher diabética é de maior risco, é de se pensar em um tratamento mais agressivo para elas. Mas, por enquanto, não existe nenhuma recomendação estabelecida nesse sentido, diz Maria da Consolação.
Fonte: IstoÉ
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