10 mar Uma esperança masculina
A cada ano 70 000 homens no Brasil recebem a notícia de que estão com câncer de próstata. Quando a doença é descoberta em fase inicial, as chances de cura chegam a 97%. Nos anos 70, não passavam de 65%. O avanço é resultado da popularização do toque retal e da medição no sangue de uma proteína, a PSA, sinalizadora de aumento prostático. Um teste desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Surrey, na Inglaterra, pode tornar a detecção ainda mais certeira. O exame inovador verifica a presença na urina e não no sangue de uma outra proteína, a EN2, também indicativa da existência do câncer. É o mais extraordinário passo no diagnóstico precoce da doença em 25 anos. desde que o PSA entrou para a rotina médica. O novo teste será aplicado a partir de 2015.
A proteína EN2 é naturalmente sintetizada durante o desenvolvimento cerebral do feto. No nascimento, a sua pro-i dução diminui consi-l deravelmente. Só vol-| taà carga na presença i de células prostáticas doentes. Homens saudáveis, segundo estudo publicado na revista científica Clinicai Câncer Research, não apresentam a substância. Ou seja, a EN2 é um marcador exclusivo para a doença. “Além de detectar a existência do tumor, alterações nas quantidades de EN2 podem indicar a agressividade da doença”, diz o oncologista Fernando Maluf, do Hospital São José, em São Paulo. Quanto maior a sua concentração, mais perigoso é o câncer. A análise da PSA é menos precisa, pelo fato de ela ser encontrada tanto no organismo de homens saudáveis como no de doentes. Com o envelhecimento, é natural que a próstata cresça e. consequentemente, as taxas de PSA subam.
As diferenças entre os exames de PSA e de EN2 são enormes. O teste de urina tem uma eficácia de 66% uma taxa até três vezes maior do que a do de sangue (veja o quadro ao lado). As apostas na EN2 são ambiciosas. “A idéia é que no futuro o exame substitua o toque retal”, disse a VEJA o oncologista Hardev Pandha, coordenador da pesquisa da Universidade de Surrey. Muitos homens ainda definem o exame clínico como “infame”. Antes que se comemore o fim desse recurso, cabe um alerta: ainda há um longo caminho a percorrer até que a EN2 possa ser alçada à condição de principal ferramenta na prevenção do câncer de próstata.
Fonte: Veja
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