10 jan Sespa investiga causas de registros de hantavirose no Estado
A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o Ministério da Saúde e o Instituto Evandro Chagas vão iniciar um trabalho de vigilância ecoepidemiológica no município de Oriximiná, oeste do Pará, onde, em 2011, ocorreram dois casos de hantavirose, que foram notificados em Santarém. Além de Oriximiná, houve seis casos de hantavirose em Novo Progresso e um em Itaituba, municípios do sudoeste paraense, totalizando nove registros da doença em todo o Estado ano passado, com oito mortes.
Para tratar desse assunto, o coordenador nacional de Controle da Hantavirose, Weber Marcos, o diretor do Departamento de Controle de Endemias da Sespa, Bernardo Cardoso, e o coordenador estadual de Zoonoses, Fernando Esteves, estiveram reunidos com o secretário de Estado de Saúde Pública, Hélio Franco, na última sexta-feira (6), no gabinete da Sespa.
Segundo Weber Marcos, o trabalho de vigilância ecoepidemiológica é necessário porque, no Pará, os casos da doença se concentram na região de Novo Progresso e, pela primeira vez, chegaram a Oriximiná. Estamos interessados em trabalhar junto com o Estado para descobrir como as pessoas estão se contaminando, afirmou.
Na região de Novo Progresso, a razão da concentração de casos é a atividade econômica e agressão ao meio ambiente. O homem derruba as árvores e planta grãos. Isso faz com que os ratos silvestres venham atrás de comida nas casas e locais de armazenamento.
Antes da proposta do Ministério da Saúde, o Departamento de Controle de Endemias já estava se preparando para fazer a investigação, que necessitará de equipamentos e materiais específicos, porém agora também terá o apoio de recursos vindos do governo federal. Hélio Franco colocou a Sespa à disposição, garantindo que será feito o que for preciso para o trabalho ser desenvolvido.
Capacitação O coordenador estadual de Zoonoses, Fernando Esteves, informou que a Sespa tem dado todo o apoio aos municípios do 9º Centro Regional de Saúde, com sede em Santarém. Já fez quatro eventos abordando prevenção, vigilância epidemiológica, tratamento e manejo clínico em unidade de terapia intensiva (UTI), considerando que todos os pacientes afetados pela doença precisam de atendimento intensivo. Um dos obstáculos apontados por Esteves é a mudança de profissionais que acontece constantemente nos municípios, prejudicando a qualificação profissional.
A hantavirose é uma doença infecciosa grave, causada pelo hantavírus e transmitida por ratos silvestres, que eliminam o vírus pela saliva, fezes e urina. A infecção no humano ocorre pela inalação dessas secreções misturadas com poeira, principalmente em ambientes fechados. É uma doença altamente letal e pode levar à morte por insuficiência respiratória. Embora possa ser confundida, no início, com gripe, dengue, leptospirose, malária e outras doenças íctero-hemorrágicas, exige outro tipo de atendimento. Não se deve hidratar o paciente como ocorre em casos de dengue, por exemplo.
Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, dores no corpo, tosse seca, mal estar geral e dificuldade respiratória, que aparece rapidamente. Para Hélio Franco, em casos suspeitos de doenças infecciosas o diagnóstico diferencial é fundamental para evitar tratar de uma doença como se fosse outra. Da mesma ideia compartilha Weber Marcos, para quem o grande problema na clínica é o diferencial, observa.
Tratamento Não existe vacina ou medicamento específico para hantavirose. As únicas medidas capazes de evitar a morte são o diagnóstico precoce e o manejo adequado. Por isso, o indivíduo com suspeita deve procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima, para o primeiro atendimento. Já no hospital, será coletado material para sorologia e oferecido atendimento de suporte para controlar os sintomas como a falta de ar, que é o mais grave. Se houver necessidade, o paciente é transferido para uma UTI.
Para evitar a transmissão, as casas devem manter uma distância mínima de 50 metros da área de plantio e da mata; a área deve ser limpa e sem entulhos; não devem ser deixados grãos de um dia para o outro na área de colheita, pois os roedores podem se aninhar entre os produtos; e o paiol para armazenar grãos deve ser arejado, com portas e janelas.
Antes de entrar no paiol, as pessoas devem lavar o local com uma solução que tenha um litro de água sanitária diluído em nove litros de água, com o cuidado de não levantar poeira e deixar agir por 30 minutos. Em casa, os alimentos devem ser guardados em latas bem fechadas. Deve-se também usar barreiras na soleira das portas para impedir a entrada dos ratos, e fechar as janelas ao anoitecer. Em caso de infestação, basta chamar a vigilância em saúde do município.
Fonte: Agência Pará de Notícias
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