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A medicina avançou em muitas direções, mas a contracepção masculina continua sendo um objetivo distante da realidade. Até hoje, somente a barreira física da camisinha e a irreversível vasectomia conseguiam proteger o homem de uma gravidez indesejada. Um novo estudo, no entanto, parece mudar esse panorama.

Em testes com camundongos, cientistas australianos c ingleses criaram um método anticoncepcional 100% eficaz e reversível para impedir que os espermatozoides saíssem do testículo dos animais durante a ejaculação.

— É como se fosse uma vasectomia medicamentosa e reversível — afirma Marcelo Vieira, chefe do departamento de infertilidade masculina da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

A grande dificuldade no desenvolvimento de uma droga contraceptiva para os homens é justamente frear a quantidade de espermatozoides que eles produzem. Enquanto as mulheres, geralmente, soltam um óvulo por mês, os homens chegam a liberar entre 200 e 600 milhões de gametas em apenas uma ejaculação.

— A busca pelo contraceptivo masculino é antiga. Os primeiros métodos criados eram hormonais, mas foram descartados pois levava muito tempo para a retomada da normalidade — conta Vieira. — Depois disso veio a utilização de substâncias que interferiam apenas em alguma etapa da produção dos gametas, mas nenhuma conseguiu provar que o processo poderia ser revertido.

Desta forma, o ganho da pesquisa não alterar a produção dos espermatozoides, mas apenas impedir a sua passagem pelo canal deferente, que os conduz dos testículos ate a próstata.

— Esse não é o único estudo em andamento, mas é que o apresentou melhor resultado — analisa a ginecologista Célia Regina Silva, integrante da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio e coordenadora do programa de planejamento familiar da Universidade Federal do Rio (UFRI). — A vantagem é que ele atua quando está sendo usado, com o benefício de voltar ao normal com a interrupção da medicação.

DROGA AINDA NÃO EXISTE

Para impedir a saída dos gametas, o grupo liderado pelo pesquisador Sabi no Ventura, da Universidade Monash, na Austrália, bloqueou a ação de duas proteínas que atuam justamente na condução dos espermatozoides pelo duto deferente: o adrenor-rcepctor alfa-lA e o purino receptor P2X1.

Nos camundongos, os gametas produzidos continuaram nos testículos sem nenhum prejuízo ao organismo. Retirados por pulsão, não demonstraram diferença cm relação aos produzidos por animais normais.

— Há casos em que o homem tem problemas no canal deferente e não libera o espermatozoide na ejaculação — diz a ginecologista. — Eles seguem armazenados e se degeneram ao longo do tempo, como acontece normalmente com todos os homens. As células espermáticas masculinas se renovam a cada 90 dias.

A droga que interfere na ação das proteínas ainda não existe. Os camundongos testados foram modificados geneticamente para não mais produzir os receptores e, segundo o artigo publicado na revista científica “Pro ceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), não há relatos de efeitos colaterais e nem comportamentais. Os animais modificados continuaram acasalando com o mesmo apetite sexual dos demais.

— Os cientistas ainda precisam estudar muito. A pesquisa não é conclusiva — ressalta Célia. — Mas ela é promissora no sentido que vai pelo caminho que todos esperamos, mais fisiológico, sem alteração no comportamento sexual.

Apesar dos receptores terem ação Io cal na ascensão do espermatozoide no canal deferente e os ratos não terem apresentado nenhuma alteração expressiva, Célia afirma que não se trata de uma ação direcionada, o que, em humanos, pode fazer com que a droga cause efeitos colaterais.

— O adrenorreepetoralfa-IA inibe, principalmente, a vaso-constrição (contração dos vasos sanguíneos), e o purino receptor P2X1 atua na resistência das artérias renais — explica Célia. — Pode ter implicação na pressão arterial. Essa nova droga promete ação interessante, mas temos que pensar que ela pode ter ação sistêmica com o uso constante. Ainda é preciso desenvolver pesquisas para checar as conseqüências.

Medicamentos para patologias como insuficiência cardíaca congestiva, in-continência urinária, enxaqueca e a hipertrofia prostática já atuam especificamente sobre o adrenorreepetor alfa-1 A, mas ainda não há nenhuma droga diretamente ligada ao purino receptor P2X1.

— Podemos dizer que o caminho até o contraceptivo masculino se abriu, mas ele ainda é bastante longo — aponta Vieira. •

Fonte: O Globo 

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A medicina avançou em muitas direções, mas a contracepção masculina continua sendo um objetivo distante da realidade. Até hoje, somente a barreira física da camisinha e a irreversível vasectomia conseguiam proteger o homem de uma gravidez indesejada. Um novo estudo, no entanto, parece mudar esse panorama.

Em testes com camundongos, cientistas australianos c ingleses criaram um método anticoncepcional 100% eficaz e reversível para impedir que os espermatozoides saíssem do testículo dos animais durante a ejaculação.

— É como se fosse uma vasectomia medicamentosa e reversível — afirma Marcelo Vieira, chefe do departamento de infertilidade masculina da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

A grande dificuldade no desenvolvimento de uma droga contraceptiva para os homens é justamente frear a quantidade de espermatozoides que eles produzem. Enquanto as mulheres, geralmente, soltam um óvulo por mês, os homens chegam a liberar entre 200 e 600 milhões de gametas em apenas uma ejaculação.

— A busca pelo contraceptivo masculino é antiga. Os primeiros métodos criados eram hormonais, mas foram descartados pois levava muito tempo para a retomada da normalidade — conta Vieira. — Depois disso veio a utilização de substâncias que interferiam apenas em alguma etapa da produção dos gametas, mas nenhuma conseguiu provar que o processo poderia ser revertido.

Desta forma, o ganho da pesquisa não alterar a produção dos espermatozoides, mas apenas impedir a sua passagem pelo canal deferente, que os conduz dos testículos ate a próstata.

— Esse não é o único estudo em andamento, mas é que o apresentou melhor resultado — analisa a ginecologista Célia Regina Silva, integrante da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio e coordenadora do programa de planejamento familiar da Universidade Federal do Rio (UFRI). — A vantagem é que ele atua quando está sendo usado, com o benefício de voltar ao normal com a interrupção da medicação.

DROGA AINDA NÃO EXISTE

Para impedir a saída dos gametas, o grupo liderado pelo pesquisador Sabi no Ventura, da Universidade Monash, na Austrália, bloqueou a ação de duas proteínas que atuam justamente na condução dos espermatozoides pelo duto deferente: o adrenor-rcepctor alfa-lA e o purino receptor P2X1.

Nos camundongos, os gametas produzidos continuaram nos testículos sem nenhum prejuízo ao organismo. Retirados por pulsão, não demonstraram diferença cm relação aos produzidos por animais normais.

— Há casos em que o homem tem problemas no canal deferente e não libera o espermatozoide na ejaculação — diz a ginecologista. — Eles seguem armazenados e se degeneram ao longo do tempo, como acontece normalmente com todos os homens. As células espermáticas masculinas se renovam a cada 90 dias.

A droga que interfere na ação das proteínas ainda não existe. Os camundongos testados foram modificados geneticamente para não mais produzir os receptores e, segundo o artigo publicado na revista científica “Pro ceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), não há relatos de efeitos colaterais e nem comportamentais. Os animais modificados continuaram acasalando com o mesmo apetite sexual dos demais.

— Os cientistas ainda precisam estudar muito. A pesquisa não é conclusiva — ressalta Célia. — Mas ela é promissora no sentido que vai pelo caminho que todos esperamos, mais fisiológico, sem alteração no comportamento sexual.

Apesar dos receptores terem ação Io cal na ascensão do espermatozoide no canal deferente e os ratos não terem apresentado nenhuma alteração expressiva, Célia afirma que não se trata de uma ação direcionada, o que, em humanos, pode fazer com que a droga cause efeitos colaterais.

— O adrenorreepetoralfa-IA inibe, principalmente, a vaso-constrição (contração dos vasos sanguíneos), e o purino receptor P2X1 atua na resistência das artérias renais — explica Célia. — Pode ter implicação na pressão arterial. Essa nova droga promete ação interessante, mas temos que pensar que ela pode ter ação sistêmica com o uso constante. Ainda é preciso desenvolver pesquisas para checar as conseqüências.

Medicamentos para patologias como insuficiência cardíaca congestiva, in-continência urinária, enxaqueca e a hipertrofia prostática já atuam especificamente sobre o adrenorreepetor alfa-1 A, mas ainda não há nenhuma droga diretamente ligada ao purino receptor P2X1.

— Podemos dizer que o caminho até o contraceptivo masculino se abriu, mas ele ainda é bastante longo — aponta Vieira. •

Fonte: O Globo 

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