08 jun Remédio reduz risco de câncer de mama
Uma droga que inibe a produção
do hormônio estrogênio e já é comercializada no Brasil mostrou-se capaz de
reduzir em 65% o risco de câncer de mama em mulheres pós-menopausa. A conclusão
é de um estudo coordenado pela Faculdade de Medicina de Harvard e publicado na
revista científica New England Journal of Medicine.
Os resultados também foram
apresentados no Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica
(Asco), no sábado, dia 4, em Chicago, nos Estados Unidos.
A pesquisa envolveu 4.560
mulheres na pós-menopausa dos Estados Unidos, Canadá, Espanha e França que
tinham pelo menos um fator de risco para o câncer de mama: mais de 60 anos,
histórico familiar para a doença ou problema anterior relacionado à mama.
No Brasil, o câncer de mama é
o tipo de tumor que mais mata mulheres, de acordo com o Instituto Nacional do
Câncer (Inca). Na capital paulista, especialmente, o risco para a doença é
ainda maior.
Na pesquisa de Harvard, metade
das mulheres tomou doses diárias de exemestano (Aromasin é o nome comercial),
um remédio capaz de limitar a produção do estrogênio por meio da inibição de
uma enzima chamada aromatase. Médicos associam o hormônio ao aparecimento da
doença. A outra metade das mulheres recebeu placebo.
Passados três anos, surgiram
11 casos de câncer de mama no grupo que recebia a medicação. No outro grupo,
que tomava placebo, foram registrados 32 casos da doença. A pesquisa pode
significar grande avanço para as mulheres que apresentam maior risco de ter a
doença, que afeta cerca de 1,3 milhão de pacientes no mundo por ano, causando a
morte de 500 mil, disse Paul Goss, principal autor do estudo.
Remédios com o mesmo princípio
do exemestano a inibição do estrogênio já são preconizados para a prevenção
do câncer de mama em mulheres com risco aumentado para a doença. É o caso do
tamoxifeno e do raloxifeno, que não são muito populares porque estão ligados a
riscos de câncer de útero e de coágulos de sangue.
Segundo Goss, o estudo
concluiu que o exemestano tem uma capacidade ainda maior de prevenir o câncer
de mama sem os efeitos tóxicos.
Para o médico José Roberto
Filassi, mastologista chefe do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo
(Icesp), um ponto negativo do exemestano é que ele elimina totalmente o
estrogênio da mulher, deixando-a mais vulnerável à osteoporose, problemas
sexuais e dores musculares graves. Deixar uma mulher saudável sem estrogênio
nenhum para prevenir o câncer de mama é uma agressão grande.
Segundo ele, as mulheres que
entram na menopausa e escolhem passar pela reposição hormonal o fazem
justamente para evitar os efeitos colaterais da falta de estrogênio que se
agravariam com o exemestano. Seria acabar com a qualidade de vida da mulher.
Em sua opinião, o tamoxifeno e
o raloxifeno seriam uma opção vantajosa, já que também reduzem os riscos do
câncer de mama em até 50%. O custo mensal do tratamento com essas drogas é de
cerca de R$ 50. O do exemestano chega a R$ 350.
Filassi diz que os remédios
preventivos para câncer de mama são indicados principalmente para mulheres em
que foram encontradas células atípicas em biópsias. Disponíveis
no Sistema Único de Saúde para tratamento, as drogas não são distribuídas para
a prevenção. Até hoje, não há nenhum medicamento para prevenção do câncer de
mama que possa ser usado na população em geral sem riscos grandes de efeitos
adversos.
Fonte: Estadão
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