29 maio Penicilina está em falta no mercado
A penicilina – ou Benzetacil, como é conhecido por aqui -, o primeiro grande antibiótico de uso bem-sucedido da história da indústria farmacêutica e eficaz para o combate de doenças causadas por bactérias gram-positivas, como a sífilis e a leptospirose, está começando a sumir das prateleiras em todo o mundo, e essa falta já está sendo sentida no Estado do Pará.
Preocupada com a questão, a médica infectologista paraense Helena Brígido, membro do Comitê Nacional de Controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis e participante da elaboração do manual Diretrizes para o Controle da Sífilis Congênita – feito pela Unidade Nacional da Unidade de Doenças Sexualmente Transmissíveis (UDST) do Ministério da Saúde – protocolou ontem, com endosso da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV (RNAJVHA), denúncia no Ministério Público do Estado do Pará na tentativa de alertar as autoridades a impedirem uma situação de total escassez do fármaco.
A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) confirmou, em nota, a falta do medicamento e disse ainda que em 2014 foram registrados 1.279 casos de sífilis em gestantes no Pará e o nascimento de 733 bebês com a doença.
PORTARIA
Helena explica que há uma portaria, a 3.161/2011 do MS que determina que a penicilina seja administrada em todas as unidades de Atenção Básica à Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), nas situações em que seu uso é indicado, o que embasa sua corrida ao Ministério Público. Nunca faltou, essa é a primeira vez, e a ausência desse medicamento nos deixa desprotegidos também em caso de ocorrência de outras doenças, como a febre neumática, a erisipela e outras doenças bacterianas. A administração da penicilina não tem só a ver com a cura de determinada doença, mas ainda com o fato de conseguir evitar sequelas provenientes daquele mal. A febre neumática, por exemplo, pode gerar complicações sérias, como a endocardite (infecção que atinge válvulas cardíacas), que a penicilina consegue frear, detalha a especialista.
Ela relata ainda que a falta de penicilina no mercado se deve ao fato de que os laboratórios que possuem a patente que permite a produção do medicamento simplesmente pararam de produzir.
Pararam de manufaturar a substância, isso é muito mais sério. Então, não é algo que atinja só o Pará ou só o Brasil, é no mundo todo. Estamos usando o que ainda tem. Na Santa Casa não tem, em muitas farmácias está em falta, assim como nos postos de saúde estão sendo utilizados outros medicamentos que podem não ser adequados como a penicilina. Então, quando acabar, acabou, alertou.
Medicação está com a produção afetada.
Fonte: Diário do Pará
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