29 out Pela primeira vez, EUA aprovam vírus para tratar câncer
RIO O órgão americano responsável pelo controle de alimentos e medicamentos (FDA) aprovou esta semana uma nova droga para o tratamento do câncer que pode abrir caminho para novas terapias. Indicado para tratar o melanoma, responsável pela morte de aproximadamente 10 mil pessoas anualmente nos EUA, o Imlygic não demonstrou resultados significativos em termos de sobrevida dos pacientes. Porém, representa um marco por ser o primeiro medicamento feito a base de um vírus aprovado comercialmente para o combate da doença.
Melanoma é uma doença séria, que pode avançar e se espalhar por outras partes do corpo, onde se torna difícil de tratar disse Karen Midthun, diretora do Centro para Avaliação Biológica e Pesquisas da FDA. Essa aprovação fornece aos pacientes e médicos um novo tratamento para o melanoma.
O Imlygic é uma variação do vírus do herpes modificado geneticamente, indicado para casos em que o câncer não possa ser removido completamente por cirurgia. O medicamento é injetado diretamente nas lesões, onde se replica no interior das células cancerígenas, provocando a sua ruptura. O tratamento consiste de uma primeira injeção, seguida por uma segunda dose três semanas depois, e manutenção a cada duas semanas pelo período mínimo de seis meses.
Na comunidade científica, o Imlygic é classificado como um vírus oncolítico, que ataca o tumor e estimula o sistema imunológico a continuar reconhecendo e destruindo as células cancerígenas. Existem outros laboratórios e centros de pesquisas trabalhando com esse tipo de terapia, mas a Amgen é a primeira a conseguir aprovação da FDA, o que pode abrir espaço para outras companhias farmacêuticas.
A avaliação da FDA se deu com base em testes clínicos com 436 pacientes com melanoma metastático que não poderia ser removido cirurgicamente. As lesões foram tratadas com a droga pelo período de seis meses ou até o desaparecimento das lesões. O estudo mostrou que 16,3% dos pacientes que receberam Imlygic tiveram uma redução no tamanho das lesões, comparado a 2,1% do grupo de controle, que recebeu outra medicação. Entretanto, ressalta o órgão americano, o Imlygic não mostrou melhoria em relação à sobrevida ou em melanomas que se espalharam para o cérebro, osso, fígado, pulmão ou outros órgãos internos.
O melanoma avançada continua sendo uma doença complexa para se tratar, que requer o uso de várias modalidades durante o curso da jornada terapêutica do paciente disse Howard L. Kaufman, presidente da Sociedade para a Imunoterapia do Câncer. Sendo uma terapia oncolítica viral, o Imlygic fornece uma abordagem única, mais uma opção para tratar pacientes com recorrência após cirurgia inicial.
Mas o custo ainda será uma barreira. De acordo com a Amgen, o preço médio do tratamento será de US$ 65 mil.
Fonte: O GLOBO
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