23 abr Malária: apesar de avanços na luta contra o agravo, dados ainda são preocupantes
Nas últimas semanas, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) concedeu ao Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) o direito de fornecer o antimalárico Artesunato+Mefloquina (ASMQ) aos estados-membros do Fundo Estratégico da instituição. A ação beneficiará diversos países latino-americanos que sofrem com a doença, já que o número de medicamentos produzido atualmente não é capaz de satisfazer toda a demanda da região das Américas. Iniciativas como essa são de extrema importância para a luta contra a doença, que, desde 2007, é intensificada anualmente no Dia Mundial de Combate à Malária (25/4). Na data, pesquisadores da Fiocruz participarão de palestras sobre a malária em seminário realizado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), por meio de sua Câmara Técnica de Doenças Infecciosas e Parasitárias e Controle de Infecção Hospitalar. Tania Chaves e Otília Lupi, ambas do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), e Claudio Tadeu Daniel-Ribeiro, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), debaterão prevenção, tratamento e diagnóstico da doença.
Em 2013, a Fiocruz apoia e chama atenção para a campanha realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a luta contra a doença. Com o slogan Invista no futuro: combata a malária, a OMS destaca dados preocupantes sobre a enfermidade: apesar do número de mortes ter diminuído significativamente desde 2000, em todo o mundo, uma criança morre pela doença a cada minuto. Estima-se que, em 2010, foram notificados mais de 219 milhões de casos. A malária ainda é considerada endêmica em 104 países. A África é o continente mais afetado, concentrando 90% das mortes. A campanha da OMS também atenta para o fato de que é necessário um esforço maior nos próximos três anos para que sejam atingidos os Objetivos do Milênio no que se trata de eliminar a malária no futuro. Saiba mais sobre a doença aqui e veja como é possível participar da causa aqui.
No que se refere ao Brasil, este mês o Ministério da Saúde (MS) divulgou um boletim sobre a situação epidemiológica da malária no país. Os dados indicaram que, na última década, a rede de diagnóstico de malária realizou mais de 2 milhões de exames ao ano. Em 2011, 99,7% dos casos de transmissão da doença se concentraram na Região Amazônica, considerada uma área endêmica no país, estando a maior parte dos casos notificados nos estados do Pará, Amazonas, Rondônia, Acre, Amapá e Roraima. Por ser a doença de maior magnitude da região, a malária, de certa forma, tem contribuído para a melhoria dos serviços de saúde com a ampliação do atendimento a seus portadores e, consequentemente, maior atenção a pacientes de outras doenças. A partir de 2000, o Ministério da Saúde desencadeou o processo de descentralização das ações de vigilância em saúde.
Esse processo vem se efetivando anualmente, com o fortalecimento da estrutura dos serviços de saúde e da capacidade de gestão dos estados e municípios, aponta o boletim. Um dos principais objetivos do Programa Nacional de Controle da Malária tem sido acabar com o número de mortes pela doença. No ano de 2011, foram registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM) 69 óbitos por malária, representando uma redução de 71,8% em relação a 2000 (245 óbitos), e de 9,2% quando comparado com 2010 (76 óbitos).
Prevenção
A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários do gêneroPlasmodium, transmitida por vetores, ou seja, pela picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles. Caso não seja tratada de forma adequada e rápida, a malária humana pode se tornar grave e acarretar em morte. Os principais sintomas são dores de cabeça e no corpo, fraqueza, febre alta, calafrios e, ainda, dor abdominal. Podem ocorrer, também, dores nas costas, tontura, além de náuseas e vômitos. Crianças, gestantes e pessoas infectadas pela primeira vez estão sujeitas a uma maior gravidade.
Ainda não há vacina eficaz contra a doença. Dentre as ações de prevenção recomendadas pelo Ministério da Saúde estão a drenagem de áreas alagadas; pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor (causador da transmissão); obras de aterro; limpeza das margens dos criadouros; modificação do fluxo da água; controle da vegetação aquática; melhoramento da moradia e das condições de trabalho da população e, ainda, o uso racional da terra. O MS também indica a adoção de medidas de proteção individual contra picadas de insetos, principalmente nas áreas de risco. São elas: o uso de mosquiteiro impregnado com inseticida; o uso de telas nas portas e janelas; o uso de repelente e evitar locais de banho em horários de maior atividade do mosquito – manhã e final da tarde.
Fonte: Fundação Oswaldo Cruz
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