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Hospitais testam estimulação elétrica contra depressão

Hospitais testam estimulação elétrica contra depressão

Dois grandes hospitais de São Paulo estão testando a estimulação elétrica de um nervo localizado no rosto para o tratamento da depressão, da fibromialgia e da dependência de crack. O procedimento experimental é indolor e não invasivo.

Na técnica, dois eletrodos conectados a um marca-passo são colocados na testa do paciente, região do nervo trigêmeo, que passa pela mandíbula, pelo maxilar e pela região próxima aos olhos.

Os eletrodos, então, enviam ondas elétricas até as áreas do sistema nervoso central que regulam o comportamento. Os neurônios reagem ao estímulo e voltam a funcionar em níveis normais.

No HCor (Hospital do Coração), o procedimento está sendo testado em 14 pacientes com depressão moderada e nos próximos meses mais 70 serão recrutados.

“Esse estímulo altera o fluxo sanguíneo e os impulsos neuronais com benefícios visíveis”, diz Antônio De Salles, coordenador do Núcleo de Neurociência e Neurocirurgia do HCor.

Já na Santa Casa, os testes com a estimulação do nervo trigêmeo incluem, além da depressão, a fibromialgia, doença caracterizada por dores em todo o corpo, e a dependência do crack.

Lá, a técnica foi aplicada em dez pacientes com depressão severa que não respondiam mais a medicamentos. Foi o caso da funcionária pública Ivone Pereira Lopes, 55.

Após o tratamento experimental com eletroestimulação durante duas semanas, parou de usar remédios, não sente mais dores pelo corpo nem sinais da depressão.

A fase de manutenção da terapia, a partir deste mês, será mais inovadora: após receber orientações, os pacientes farão em casa a eletroestimulação com aparelhos portáteis cedidos pelo hospital.

Segundo Pedro Shiozawa, coordenador do Laboratório de Neuroestimulação Clínica, ligado à Santa Casa, todos os pacientes do estudo se recuperaram da depressão após o tratamento.

CONTRA A FISSURA

Como a técnica deu bons resultados nos casos de depressão e transtorno da ansiedade, pesquisadores da Santa Casa decidiram usar o tratamento em usuários de crack, especificamente para controlar a vontade incontrolável de consumir a droga.

Com os eletrodos instalados, o usuário é colocado para assistir a um vídeo com imagens da droga que, normalmente, provocam fissura. Segundo os primeiros relatos, com as ondas elétricas, o desejo pela droga não aparece.

Shiozawa ressalta que não se trata de cura, e sim de uma ferramenta para ajudar os usuários que ainda precisa ser testada em mais pessoas antes de ser proposta como alternativa de tratamento.

Entre as técnicas de neuroestimulação, apenas a magnética transcraniana foi aprovada pelo Conselho Federal de Medicina para depressão uni e bipolar, alucinações auditivas em esquizofrenia e planejamento de neurocirurgia. Para De Salles, a terapia ainda é pouco usada, devido à dificuldade de acesso e ao desconhecimento.

Sua principal vantagem, afirma, é apresentar menos efeitos colaterais que os medicamentos.


Fonte: Folha de S. Paulo
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Hospitais testam estimulação elétrica contra depressão

Hospitais testam estimulação elétrica contra depressão

Dois grandes hospitais de São Paulo estão testando a estimulação elétrica de um nervo localizado no rosto para o tratamento da depressão, da fibromialgia e da dependência de crack. O procedimento experimental é indolor e não invasivo.

Na técnica, dois eletrodos conectados a um marca-passo são colocados na testa do paciente, região do nervo trigêmeo, que passa pela mandíbula, pelo maxilar e pela região próxima aos olhos.

Os eletrodos, então, enviam ondas elétricas até as áreas do sistema nervoso central que regulam o comportamento. Os neurônios reagem ao estímulo e voltam a funcionar em níveis normais.

No HCor (Hospital do Coração), o procedimento está sendo testado em 14 pacientes com depressão moderada e nos próximos meses mais 70 serão recrutados.

“Esse estímulo altera o fluxo sanguíneo e os impulsos neuronais com benefícios visíveis”, diz Antônio De Salles, coordenador do Núcleo de Neurociência e Neurocirurgia do HCor.

Já na Santa Casa, os testes com a estimulação do nervo trigêmeo incluem, além da depressão, a fibromialgia, doença caracterizada por dores em todo o corpo, e a dependência do crack.

Lá, a técnica foi aplicada em dez pacientes com depressão severa que não respondiam mais a medicamentos. Foi o caso da funcionária pública Ivone Pereira Lopes, 55.

Após o tratamento experimental com eletroestimulação durante duas semanas, parou de usar remédios, não sente mais dores pelo corpo nem sinais da depressão.

A fase de manutenção da terapia, a partir deste mês, será mais inovadora: após receber orientações, os pacientes farão em casa a eletroestimulação com aparelhos portáteis cedidos pelo hospital.

Segundo Pedro Shiozawa, coordenador do Laboratório de Neuroestimulação Clínica, ligado à Santa Casa, todos os pacientes do estudo se recuperaram da depressão após o tratamento.

CONTRA A FISSURA

Como a técnica deu bons resultados nos casos de depressão e transtorno da ansiedade, pesquisadores da Santa Casa decidiram usar o tratamento em usuários de crack, especificamente para controlar a vontade incontrolável de consumir a droga.

Com os eletrodos instalados, o usuário é colocado para assistir a um vídeo com imagens da droga que, normalmente, provocam fissura. Segundo os primeiros relatos, com as ondas elétricas, o desejo pela droga não aparece.

Shiozawa ressalta que não se trata de cura, e sim de uma ferramenta para ajudar os usuários que ainda precisa ser testada em mais pessoas antes de ser proposta como alternativa de tratamento.

Entre as técnicas de neuroestimulação, apenas a magnética transcraniana foi aprovada pelo Conselho Federal de Medicina para depressão uni e bipolar, alucinações auditivas em esquizofrenia e planejamento de neurocirurgia. Para De Salles, a terapia ainda é pouco usada, devido à dificuldade de acesso e ao desconhecimento.

Sua principal vantagem, afirma, é apresentar menos efeitos colaterais que os medicamentos.


Fonte: Folha de S. Paulo
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