17 mar Gel pós-sexo se revela eficaz no combate ao HIV
Um inovador gel vaginal destinado a ser aplicado após a relação sexual para a prevenção da infecção pelo vírus da Aids está mais perto de se tornar realidade liberando milhares de mulheres em todo o mundo a ter maior independência na proteção contra a doença.
Um teste feito em macacos e publicado na Science Translational Medicine revelou um produto eficaz no combate à infecção pelo HIV.
Apesar da esperança, especialistas dizem que grandes ensaios clínicos seriam necessários para testar qualquer nova estratégia de prevenção em humanos, e que, por isso, os preservativos continuam sendo, atualmente, a melhor defesa contra a doença. Outros tipos de gel vaginal, contendo algumas das drogas usadas nos antirretrovirais, já foram testados em seres humanos com resultados díspares. O objetivo desses produtos era ser usado antes da relação sexual.
No novo gel, desenvolvido por cientistas do Centro para Prevenção e Controle de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), a abordagem é diferente: ele teria o potencial para funcionar mesmo algumas horas após a relação.
Ele contém o fármaco raltegravir, que reduz a quantidade de HIV na corrente sanguínea, impedindo a infecção.
O que nós fizemos neste estudo foi identificar uma droga anti-HIV que bloqueia a integração do vírus ao DNA explicou o co-autor do trabalho, Walid Heneine.
O gel foi testado na região vaginal de seis macacas, sendo aplicado um pouco antes ou até três horas depois da exposição a um vírus de imunodeficiência encontrado em primatas e semelhante ao HIV que afeta seres humanos.
O estudo mostrou que o gel evitou que o vírus afetasse cinco das seis macacas, o equivalente a uma eficácia de 84%.
É um gel promissor para evitar a infecção pelo HIV afirmou, em entrevista à BBC, Charles Dobard, da Divisão de Prevenção ao HIV do CDC. Outros estudos, entretanto, ainda precisam ser feitos para averiguar qual seria o melhor intervalo para o uso: seis, oito ou 24 horas.
Especialistas dizem que há vários obstáculos antes de qualquer nova estratégia de prevenção se tornar disponível para seres humanos.
TESTE PRECISA SER FEITO EM HUMANOS
Andrew Freedman, consultor de doenças infecciosas da Escola de Medicina da Universidade de Cardiff, no País de Gales, apontou que é preciso cautela, pois o estudo envolveu apenas alguns macacos e não conseguiu prevenir a infecção em um deles.
Testes mais aprofundados ainda precisam ser feitos em humanos antes que o gel seja licenciado para uso de rotina observou.
Para os especialistas, no entanto, seria uma novidade muito bem vinda na prevenção da epidemia, sobretudo em países onde as taxas de incidência são elevadas e há barreiras culturais ao uso do preservativo.
Além disso, seria um excelente método de prevenção para as mulheres que poderiam se proteger sem precisar da aquiescência masculina.
Fonte: O Globo
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