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Fim das doses diárias de antirretroviral

Fim das doses diárias de antirretroviral

Criados na década de 1980, os antirretrovirais prolongam significativamente a longevidade dos infectados pelo HIV e diminuem as chances de transmissão da Aids. Versões melhoradas do medicamento foram lançadas ao longo dos anos, e cientistas continuam a buscar formas de tornar a abordagem mais eficaz tanto para reduzir os índices de abandono quanto para aliviar os efeitos colaterais do tratamento, que dura toda a vida. Uma equipe da Agência Nacional Francesa de Pesquisa em HIV, Aids e Hepatites Virais (ANRS) apresentou ontem, na 21ª Conferência Internacional sobre a Aids, em Durban, na África do Sul, resultados de um estudo propondo que a ingestão dessas substâncias deixe de ser diária. A pesquisa, testada em 100 voluntários, apresentou resultados promissores.

Os participantes passaram a ingerir os medicamentos quatro vezes por semana durante 48 semanas e foram acompanhados por uma equipe liderada por Christian Perronne, do Hôpital Raymond Poincaré, na França, e integrante da ANRS. A intenção era saber se, com esse tipo de abordagem, seria possível manter a carga viral plasmática abaixo de 50 cópias/mL, considerada indetectável. Os voluntários tinham sido tratados com uma combinação tripla de antirretrovirais durante em média cinco anos e apresentavam a carga viral abaixo do limite indicado por quatro anos.

Após as 48 semanas, 96% deles seguiam o regime de quatro dias de ingestão do medicamento e mantinham a carga viral indetectável. Apenas três pacientes voltaram a ter a carga do vírus além do número recomendado nas semanas quatro, 12 e 40, com, respectivamente, 785, 124 e 969 cópias/mL. Nesses, a taxa caiu para abaixo do limite quando eles retomaram o tratamento padrão, com doses diárias do medicamento, sem o surgimento de resistência. Um participante abandonou o estudo na quarta semana.

“Esses resultados nos encorajam a prosseguir com o nosso objetivo de melhorar a qualidade de vida no tratamento da Aids e atender uma forte demanda de alguns pacientes para uma carga de drogas mais baixa”, comemora Jean-François Delfraissy, diretor da ANRS. O especialista ressaltou a importância de um experimento randomizado — em que os participantes são escolhidos de forma aleatória — para se chegar à conclusão de que a abordagem pode ser prescrita aos soropositivos. “Somente esse tipo de estudo será capaz de aprovar essa estratégia”, justificou.

A agência trabalha nesse sentido. Recrutou 640 pessoas em vários centros hospitalares franceses. Metade receberá o tratamento com antirretroviral por quatro dias na semana. A outra, diariamente durante 48 semanas. Se os resultados forem similares aos observados no estudo divulgado esta semana, todos os pacientes serão submetidos ao tratamento de quatro dias. Assim, acreditam os pesquisadores, a eficácia da abordagem será comprovada e, consequentemente, os benefícios adicionais dela, como a redução dos efeitos colaterais a e maior aderência ao tratamento.

Assistência baixa

Ao mesmo tempo em que buscam formas de otimizar as terapias contra o HIV, médicos e especialistas esbarram em um obstáculo anterior: fazer com que as pessoas tenham acesso ao tratamento hoje disponível. Em 2015, segundo relatório publicado na revista The Lancet em paralelo à 21ª Conferência Internacional sobre a Aids, 41% dos soropositivos ingeriam antirretrovirais. A meta das Nações Unidas é de que o índice chegue a 81% em 2020, o que significa tratar 3,1 milhões de soropositivos adicionais por ano até o fim do prazo.

Segundo os autores do levantamento, essa cobertura terapêutica varia bastante conforme as regiões do planeta e o gênero. Subiu de 6,4% em 2005 para 38,6% em 2015 entre os homens infectados; e de 3,3% para 42,4% entre as mulheres, no mesmo período. Os cientistas ressaltam a necessidade de uma intensificação dos tratamentos principalmente no Oriente Médio, no norte da África, no leste da Europa e em alguns países da América Latina. Suécia (74%), Estados Unidos, Holanda e Argentina (os três com um índice aproximado de 70%) estão perto de atingir a meta. Venezuela (35%) e Bolívia (24%), por sua vez, figuram entre os mais atrasados.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, o número de infectados tratados passou de 44% em 2012 para 62% em 2014, um aumento de 41% em dois anos. Houve avanço também na supressão viral: 91% dos brasileiros adultos com HIV/Aids e em tratamento há pelo menos seis meses apresentam carga viral indetectável no organismo. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente 22 medicamentos para os infectados. Desses, 11 são produzidos no país.

Esses resultados nos encorajam a prosseguir com o nosso objetivo de melhorar a qualidade de vida no tratamento da Aids e atender uma forte demanda de alguns pacientes para uma carga de drogas mais baixa”

Jean-François Delfraissy, diretor da Agência Nacional Francesa de Pesquisa em HIV, Aids e Hepatites Virais

Segurança de vacina é testada

Os resultados de testes com uma vacina trazem esperança para uma nova forma de combate contra o vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV). A substância foi testada em 252 voluntários da África do Sul durante 18 meses. Segundo resultados apresentados na 21ª Conferência Internacional sobre a Aids, em Durban, na África do Sul, o sistema imunológico dos participantes reagiu bem à abordagem. Queríamos determinar se ela era segura (…) e suportável, explicou Kathy Mngadi, uma das autoras do projeto, intitulado HVTN África. Todos os participantes tinham um risco muito baixo de contrair o HIV. O experimento teve como base resultados significativos de uma vacina experimental testada em 2009, quando se detectou a redução em um terço das chances de infecção pelo vírus da Aids em participantes imunizados na Tailândia. Essa vacina experimental nos deu esperança, mas também revelou tudo que ainda tínhamos que aprender, afirmou Fátima Laher, coautora do ensaio. Em novembro, os cientistas darão início a um experimento em grande escala. Serão recrutados 5.400 homens e mulheres sul-africanos de alto risco para a contaminação pelo HIV e com idade entre 18 e 25 anos. Nessa etapa, o foco será a eficácia da vacina. Esperamos ter resultados dentro de cinco anos, disse Glenda Gray, diretora do programa HVTN África.

Casos aumentam em 74 países

Apesar de o tratamento com antirretrovirais ter reduzido a mortalidade provocada pela Aids, o vírus HIV continua sendo uma grande ameaça à saúde pública. Anualmente, 2,5 milhões de pessoas são infectadas por ele, segundo levantamento divulgado ontem, na revista científica The Lancet. O trabalho traz dados de 195 países coletados de 1980 a 2015. Entre 2005 e 2015, a taxa de novas infecções por HIV aumentou em 74 nações consultadas, especialmente Indonésia, Filipinas, África do Norte e Oriente Médio, assim como algumas da Europa Ocidental, como Espanha e Grécia.

O Brasil faz parte da lista: de 700 mil casos em 2010 para 830 mil em 2015, com em média 15 mil mortes por ano. O Ministério da Saúde classifica que a epidemia no país está estabilizada, com taxa de detecção em torno de 19,7 casos a cada 100 mil habitantes em 2015, o equivalente a 40 mil por ano. Na Rússia, o número de infecções chegou a quase 1 milhão no mesmo ano. Sede da 21ª Conferência Internacional sobre a Aids, a África do Sul contabilizou 300 mil entre 2014 e 2015, sendo que cerca de 2 mil jovens são infectados a cada semana.

O cenário global de crescimento da doença na última década preocupa especialistas. “Lança uma imagem inquietante da lentidão dos avanços na redução das novas infecções por HIV”, advertiu Haidong Wang, pesquisador da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e principal autor do levantamento. Conforme o relatório, 38,8 milhões de pessoas viviam com o HIV em 2015, um número que aumenta regularmente desde 2000, quando existiam 28 milhões de soropositivos.

Financiamento

Para Christopher Murray, da mesma instituição norte-americana, a situação pode se agravar devido ao estancamento do financiamento dos programas contra HIV/Aids. “Será necessário, portanto, um aumento em massa dos esforços dos governos e dos organismos internacionais para alcançar os US$ 36 bilhões necessários todos os anos para atingirmos o objetivo de colocar fim à Aids até 2030”, destacou.

O alerta ocorre paralelamente à realização da conferência internacional. Até sexta-feira, cerca de 18 mil cientistas, médicos, militantes, juristas e financiadores vão avaliar os avanços na luta contra a doença que provocou mais de 30 milhões de mortes. A quantidade de óbitos caiu de um pico de 1,8 milhão em 2005 para 1,2 milhão em 2015 especialmente devido à intensificação dos tratamentos com antirretrovirais e à prevenção da transmissão do vírus de mãe para filho.

Mas na abertura do encontro, na segunda-feira, ficou claro que o momento é de cautela. “A mensagem dirigida ao mundo inteiro neste ano em Durban será que é muito cedo para cantar vitória. O caminho ainda é longo”, disse à agência France-Presse Chris Beyrer, presidente da Sociedade Internacional sobre a Aids. A francesa Françoise Barré-Sinoussi, prêmio Nobel de Medicina por ter participado da descoberta da Aids, insistiu na necessidade de mais financiamento. “Este ano é crucial. Precisamos (…) fazer todas as mudanças necessárias para evoluir até uma geração sem Aids. Mas não estamos prontos”, advertiu.

2,5 milhões

Quantidade de novas contaminações por HIV registradas anualmente no mundo.

Fonte: Correio Braziliense

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