09 fev Farma.Doc conta a história de Rafael Oliveira.
Conciliar a rotina de estudos e trabalho demanda muito esforço e dedicação, a jornada dupla não é fácil e apesar de ser uma realidade comum a muitos jovens brasileiros, o desafio nem sempre é uma escolha, mas a única opção para quem ousa sonhar e realizar.
Natural do município de Tucuruí, região sudeste do Pará, o farmacêutico Rafael Texeira saiu da sua cidade e ingressou, em 2016, na faculdade de farmácia, localizada na capital paraense. Após concluir essa primeira etapa de estudos, retornou a sua cidade natal e deu início a carreira profissional em busca da independência financeira.
Mas Rafael sempre teve uma aspiração daquelas cultivadas desde a graduação, seu sonho era fazer residência em oncologia na Universidade de São Paulo (USP) e não parou até conseguir realizá-lo.
Graduado há um ano, o farmacêutico faz parte desse grupo de jovens que superam as dificuldades apesar dos percalços e hoje, sua trajetória estreia a série de histórias que inspiram e impulsionam a transformação da realidade, tecendo novos caminhos na vida e na profissão farmacêutica.
Trajetória Acadêmica
Na universidade, o farmacêutico sempre foi muito dedicado e inclinado às produções acadêmicas. Enquanto aluno, fez parte do programa de monitoria da faculdade, trabalhou em projetos de pesquisa e iniciação científica, apresentou trabalhos em diversos congressos da área e ainda foi diretor de pesquisa e extensão na Liga de Assistência Farmacêutica da faculdade.
Mas ninguém chega a lugar nenhum sozinho. Para sermos inspiração, alguém precisa nos inspirar primeiro. Neste caso, a Profª Diandra Araújo, Doutora pelo em Neurociências e Biologia Celular (PPGNBC/UFPA) e mentora da liga acadêmica de Assistência Farmacêutica do Pará, foi fundamental para que Rafael acreditasse em seus sonhos. “Foi ela quem me segurou pelas mãos, disse que eu tinha potencial, acreditou em mim. Desde ali ela me encaminhou para fazer pesquisa e participar dos projetos de extensão”, ressalta o colega.
Durante sua formação, Rafael foi estagiário de farmácia no decorrer de um ano na Oncológica do Brasil – Centro Avançado de Ensino, Pesquisa e Tratamento do Câncer, local onde conheceu a oncologia e foi arrematado pela área de atuação. Dessa forma, decidiu produzir seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com base em dados de pacientes oncológicos e na prática em Farmácia Hospitalar, já que não podia manipular os medicamentos, mas acompanhava todo o processo de manipulação.
Dado esse passo, o farmacêutico não tinha mais dúvidas, queria seguir carreira no âmbito e conquistar cada vez mais. O objetivo agora era ser residente de oncologia na USP.
Rotina de estudo e trabalho
Os estudos para a residência começaram no último ano da faculdade e, após algumas tentativas, Rafael compreendeu que precisava de mais experiência profissional para dar continuidade aos seus sonhos.
Assim que se formou, o colega começou a trabalhar como farmacêutico pela Prefeitura de Tucuruí em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que faz parte da Rede de Atenção às Urgências.
Atualmente, o farmacêutico se divide entre três turnos de atividades, atua no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) pela manhã, à tarde é responsável técnico em uma drogaria da cidade e no fim do dia, é professor de ensino superior do curso de farmácia, em uma faculdade particular da região.
Apesar da rotina exaustiva de trabalho, Rafael não mediu esforços e conseguiu conciliar o estudo ao dia-a-dia. “Final de semana me isolava, sábado e domingo eram os dias que eu separava para estudar. Durante a semana, acordava às 5h da manhã para ter um momento de estudo antes de começar a trabalhar”, comenta o farmacêutico.
No início deste ano, o profissional começou a colher os frutos de sua dedicação aos estudos e determinação em busca de seu objetivo: Rafael foi aprovado na tão desejada residência em oncologia na USP. E além da aprovação na Universidade de São Paulo, o farmacêutico também foi aceito para residência em dois hospitais da capital paulista e espera o resultado de mais duas seleções. “Nós precisamos em primeiro lugar acreditar na gente, o sonho nos transforma. Coloquei na cabeça que queria ser residente de oncologia na USP, às vezes achava que era um sonho muito grande pra mim, mas não desisti e consegui”, enfatizou.
Expectativas para o futuro
Após superar seus próprios limites, as expectativas para o novo passo na carreira são as melhores. A área de oncologia, no caso da residência para o farmacêutico, é um verdadeiro passaporte para o crescimento profissional.
Afinal, é de atribuição privativa do farmacêutico o preparo de antineoplásicos e demais medicamentos nos estabelecimentos de saúde públicos ou privados que possam causar risco ocupacional ao manipulador. Isso reforça que as habilidades para trabalhar nesta área da farmácia são intrínsecas da profissão.
Inclusive, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) ressalta que apenas um Especialista em Oncologia pode manipular os medicamentos. Neste contexto, fazer a residência é uma forma de obter o título de especialista.
Para Rafael que há tanto tempo nutre esse sonho, a residência é uma ótima oportunidade para aprender ainda mais e as perspectivas são de boas oportunidades de emprego. “A residência me proporciona o caminho para eu sair capacitado para o mercado de trabalho, saber manipular, conhecer as ordens dos protocolos quimioterápicos, que são diversos, pois para cada tipo de câncer, há um tipo de protocolo. Quero sair preparado, é o que espero na residência”, ressalta.
Agora o farmacêutico já se planeja para os próximos passos na profissão, e por conta do amor pela pesquisa e docência, Rafael pretende continuar estudando e iniciar o doutorado logo após a residência.
Ao final do relato, nosso colega deixou um recado para aqueles que decidem trilhar esse caminho. “Nossa área é muito diversa, são mais de 110 áreas de atuações, então, estude para a área na qual você se encontrar profissionalmente. Não é impossível, tente conciliar com o seu emprego, a gente precisa buscar o melhor para gente, correr atrás dos nossos sonhos. O mercado farmacêutico está cada vez mais amplo, múltiplo, é só a gente procurar a área a qual mais nos adaptamos”, finaliza o farmacêutico.
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